| 18/02/2008 09h17min
Os ministros de Exteriores da União Européia começam em Bruxelas um conselho no qual tentarão buscar uma resposta comum à declaração unilateral de independência por parte do Kosovo, mas o bloco deixará a cada governo a liberdade de reconhecer ou não o novo Estado.
O presidente rotativo do Conselho da UE, o esloveno Dimitrij Rupel, deixou claro que "não compete ao bloco como tal" reconhecer o Kosovo e que cada país-membro "é livre" para fazê-lo.
— Nós sabemos como funciona este processo, vivemos isso na Eslovênia, e sinto que está tão lento, mas espero que chegue a um final o mais rápido possível — disse.
Em nome da UE, o ministro esloveno insistiu em que o bloco "quer ajudar todos e quer ajudar a região".
— Dissemos em muitas ocasiões que queremos todos dentro da UE. Os sérvios são nossos amigos, tiveram muitos problemas e uma situação política complicada; devemos ajudá-los — acrescentou.
O
comissário europeu para a Ampliação, o finlandês Olli Rehn, lembrou que a
UE tentou facilitar a negociação de um acordo entre albano-kosovares e sérvios, mas não houve resultados. Também lembrou que a origem da situação atual é a catástrofe vivida no final da década de 90, quando as forças sérvias reprimiram duramente a população albano-kosovar, o que provocou a intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a decisão de pôr o território sob administração da ONU.
Rehn ressaltou o fato de que as autoridades do Kosovo se comprometeram a respeitar os direitos das minorias, como previa o plano do mediador Martti Ahtisaari, que contava com o apoio unânime dos europeus.
— É importante que os povos do Kosovo e da região mantenham a calma, a paz e a estabilidade, e que não haja provocações — acrescentou Rehn, que pediu que a UE assuma a liderança neste processo.
O ministro holandês, Maxime Verhagen, pediu contenção e respeito das minorias. Ele afirmou que o bloco estudará hoje os detalhes da declaração
de independência aprovada pelo
Parlamento kosovar e da Constituição.
Como os demais, especificou que a questão do reconhecimento não é uma competência da UE. O titular de Exteriores luxemburguês, Jean Asselborn, reconheceu que os ministros terão hoje que trabalhar duramente para alcançar uma posição comum e uma plataforma que convença os países mais reticentes ao reconhecimento. O ministro de Assuntos Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, confirmou hoje que a Espanha "não reconhecerá o ato unilateral" da proclamação da independência do Kosovo "porque não respeita a legalidade internacional".
Asselborn, no entanto, considera que o Kosovo constitui um "caso especial" e que a situação atual "não é sustentável". Uma opinião semelhante à do ministro britânico, David Miliband que afirmou que "é muito importante" que se entenda que "esta é uma situação única e não abre precedentes" em outros territórios.
O chefe da diplomacia luxemburguesa reconheceu que falar sobre esta questão
"é mais fácil para os países de
fora da UE que para os de dentro". Ele insinuou que a UE enviará hoje uma mensagem à Sérvia e advertiu que "sem a Sérvia não se encontrará a estabilidade nos Bálcãs".
Segundo Asselborn, as manifestações de domingo do primeiro-ministro kosovar, Hashem Thaçi, foram muito positivas,
porque falou de independência sob supervisão internacional, de um Kosovo multiétnico e da proteção das minorias.
Albaneses-kosovares comemoraram ontem a declaração de independência da província
Foto:
Georgi Licovski, EFE
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