| 20/02/2008 17h29min
Após 10 derrotas consecutivas para o rival Barack Obama nas prévias democratas, Hillary Clinton agora se vê obrigada a vencer em Ohio, Texas, Vermont, Rhode Island, que realizam suas votações no dia 4 de março, se quiser manter-se na disputa pela indicação de seu partido para as eleições presidenciais americanas.
Especialistas e pesquisas mostram que a ex-primeira-dama dos Estados Unidos não está em uma situação fácil. A senadora por Nova York precisa do apoio de seus eleitores mais fiéis, como as mulheres, a classe operária e os hispânicos, no dia 4 de março. Entretanto, Obama demonstrou nesta terça-feira sua habilidade para penetrar nos até pouco tempo atrás portos seguros de Hillary, repetindo o que ocorreu nas primárias do último dia 12 em Virgínia, Maryland e no Distrito de Columbia.
As pesquisas de boca-de-urna em Wisconsin, onde houve primárias na terça-feira, indicam, por exemplo, que o senador por Illinois obteve forte apoio na classe operária e entre o eleitorado masculino, enquanto as mulheres repartiram seus votos de maneira similar entre Hillary e Obama.
A crescente atração do senador entre os eleitores "incondicionais" de Hillary se explica, segundo Bruce Buchanan, professor de Ciências Políticas da Universidade do Texas na cidade de Austin, com o argumento de a ex-primeira-dama ter perdido parte de sua vantagem no estado.
— Atualmente, a situação é de empate técnico — disse Buchanan, acrescentando que uma derrota nos estados de Texas, Vermont, Rhode Island e Ohio pode pôr fim às ambições presidenciais de Hillary.
Mesmo assim, o especialista disse acreditar que
nenhum dos dois rivais democratas conseguirá os 2.025
delegados necessários antes do término das prévias, em junho. Segundo o professor, o motivo é o sistema de repartição proporcional que predomina na maioria das disputas democratas, ao contrário de muitas das republicanas, onde o ganhador leva todos os delegados.
Caso um dos pré-candidatos democratas não consiga o apoio necessário para obter a candidatura presidencial, caberá aos 796 superdelegados, um seleto grupo formado por legisladores e membros do partido, escolher o vencedor na convenção da legenda, em agosto. No entanto, Buchanan antecipa que não será necessário chegar a esses extremos e prevê que, se Hillary perder em Ohio e Texas, haverá uma grande pressão dentro do próprio Partido Democrata para que a ex-primeira-dama desista da campanha. Mas ninguém dúvida que Hillary brigará com unhas e dentes antes de jogar a toalha, se de fato o fizer. Por isso, há a previsão de semanas de golpes baixos na corrida democrata.
Na terça-feira, Hillary aproveitou para aquecer
os motores, ao afirmar
durante um discurso em Youngstown (Ohio) que o processo de prévias consiste em escolher um candidato que se apóie "não só nas palavras, mas no trabalho duro para permitir que os Estados Unidos voltem a funcionar".
Na frente republicana, o senador pelo Arizona John McCain, tido como candidato extra-oficial do partido à Presidência dos Estados Unidos, também pareceu criticar Obama durante um de seus recentes discursos, ao afirmar que vai garantir que ninguém engane os eleitores "com uma eloqüente, mas vazia convocação para a mudança".
O discurso fresco e idealista de Obama e seu slogan de "Sim, podemos" derrubou barreiras de raça, gênero e classe. Mas seus críticos e rivais argumentam que o homem que pretende ser o primeiro presidente negro dos EUA não oferece mais do que palavras.
O estudioso James Pennebaker, psicólogo e especialista em linguagem política da Universidade do Texas, disse à Efe que essas palavras têm força e que a arrancada de Obama
pode ser difícil de parar.
Pennebaker explicou que o senador por Illinois foi capaz de elaborar uma mensagem conciliadora que atingiu segmentos muito diferentes da população americana, gerando um entusiasmo que não se via há décadas.
Senadora precisa do apoio de seus eleitores mais fiéis, como as mulheres, a classe operária e os hispânicos
Foto:
Jason Miller, EFE
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