| 14/05/2008 17h15min
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reconheceu que os biocombustíveis, ainda que de forma secundária, acabaram interferindo na alta dos preços dos alimentos. Ele explicou que a situação do Brasil em relação a essa questão é confortável, pois aqui não há competição entre produtos agrícolas e biocombustíveis, já que a plantação de cana-de-açúcar no país ocupa menos de 1% do território nacional e de 3% das áreas agricultáveis e de pecuária.
— Na medida em que os Estados Unidos utilizam 80 milhões de toneladas de milho para transformar em álcool, e que no próximo ano serão 120 milhões de toneladas de milho, isso efetivamente gerou também um impacto no mercado mundial — afirmou.
Subsídios
O ministro ressaltou que o Brasil, além de produzir o suficiente para suprir suas necessidades de aumento de consumo e produzir energia limpa, é o pais que mais cresce em exportações.
Stephanes também
enfatizou o papel dos subsídios agrícolas europeus na crise dos
alimentos.
— Se há algum vilão nessa história, são os países que mantêm subsídios aos seus produtores agrícolas e que distorcem os seus fatores de produção, que é o caso, exatamente, dos Estados Unidos, ao usar milho para produzir etanol, e o caso de alguns países da União Européia, que substituem área de produção de alimentos para produzir energia limpa a um custo extremamente mais elevado que o do Brasil — afirmou o ministro.
Aumento da renda
Para Stephanes, o principal fator responsável pela guinada nos preços dos alimentos é o aumento de renda, que faz com que a população mundial consuma mais. Em seguida, após os subsídios europeus e o uso de alimentos para produção de agroenergia nos EUA, está a maior expectativa de vida da população.
Por último, entre os fatores principais, Stephanes classificou as mudanças climáticas, que, segundo ele, começam a demonstrar seus efeitos.
—
Essas mudanças climáticas, efetivamente, já estão começando a se fazer
presentes em alguns países, onde nós temos secas mais prolongadas, ou alterações de clima já se consolidando — disse.
Clima
O ministro citou como exemplo a Austrália, importante exportadora de arroz, que teve sua produção reduzida significativamente em razão das mudanças do clima. No Brasil, o Rio Grande do Sul passa por situação parecida.
As declarações foram feitas nesta quarta-feira pelo ministro durante audiência pública no Senado Federal sobre os impactos da produção de biocombustíveis. A reunião conjunta foi realizada pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária, de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e de Desenvolvimento Regional e Turismo.
Ministro participou nesta quarta de uma audiência pública no Senado sobre os impactos da produção de biocombustíveis
Foto:
Valter Campanato, ABr
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