| 31/05/2008 08h24min
Ao final do treino recreativo de ontem, Abel Braga chamou Marcão para uma conversa em particular. Orientou o zagueiro a evitar ao máximo os cartões desnecessários na partida de hoje contra o Sport, às 18h20min, no Beira-Rio.
Não bastasse o transtorno de ficar sem Fernandão hoje, por passar por trabalho de recuperação muscular, Abel ganhou outra preocupação, a de disciplinar seu time. Muito se deve à palestra realizada antes do treino de quinta-feira com José Mocelin, observador da CBF e integrante da Comissão de Árbitros do Rio Grande do Sul, sobre os critérios que passaram a ser adotados pelos árbitros neste Brasileirão. Mas os próprios jogadores avisam: não mudarão a forma de jogar.
A preocupação com o rigor da arbitragem no campeonato acentuou-se no Beira-Rio depois da derrota de 2 a 1 contra o Palmeiras, quando Edinho e Guiñazu levaram cartões vermelhos e se tornou o segundo colocado no ranking de expulsões no campeonato. O time é o terceiro nos cartões amarelos,
com 12. A diretoria
chamou Mocelin para esclarecer os principais tópicos da circular 51, distribuída depois do Seminário do Campeonato Brasileiro.
Por cerca de uma hora, o ex-árbitro fez apresentação teórica. Usou lâminas e mostrou no telão as principais recomendações aos árbitros. Depois exibiu vídeos com lances polêmicos e duvidosos das três primeiras rodadas do Brasileirão. Diretoria, comissão técnica e jogadores transformaram a apresentação em um bate-papo onde foi discutido, sobretudo, critérios da arbitragem.
- O sentido da palestra não foi para evitar entradas ríspidas, tirar o pé. O meu papel é mostrar que é possível jogar assim sem fazer a falta - explicou Mocelin.
O grupo afina o discurso e promete maior cuidado em determinados lances. O próprio diálogo de Abel com Marcão é o exemplo. O técnico disse para o zagueiro que é inadmissível ele tomar uma cartão amarelo na intermediária, a meio metro da linha lateral, por fazer uma falta. Porém, isso não significa
que o Inter dosará a força.
- Aqui não terá mamão com açúcar para os outros, não. Isso aqui é futebol gaúcho, cara. Tem que chegar duro, mas com cuidado - ponderou Abel.
Os responsáveis pela marcação também dizem ser impossível mudar o estilo de jogo apenas em função da palestra. O argentino Guiñazu até admite que não é necessário deslizar no gramado para ser agressivo no desarme. Mas sabe que no calor do jogo, estará dando o "carrinho" para conter o adversário ou salvar uma bola. Magrão completa lembrando que a arbitragem é passível de interpretação. Mesmo que um carrinho não seja maldoso, o jogador está sujeito a ser punido com o cartão pelo simples fato de aplicá-lo. Por isso, não haverá mudança.
- Sendo leal, você vai jogar futebol da forma que sempre jogou - sintetizou Magrão.
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