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 | 14/01/2003 17h35min

EUA divergem quanto aos objetivos no Iraque

Governo Bush não apresentou proposta clara sobre o que fazer após a guerra

Caso os Estados Unidos invadam o Iraque para derrubar o presidente Saddam Hussein, a vitória militar deve ser mais fácil do que a instalação de uma paz duradoura. Até agora, o governo de George W. Bush só apresentou em termos vagos seus planos sobre o que fazer do Iraque após a guerra. Mas sejam quais forem os objetivos, eles estão abertos a sérios questionamentos.

Segundo fontes do governo, a meta é eliminar as armas de destruição em massa do Iraque, preservar as atuais fronteiras e instalar um governo democrático em Bagdá, representativo da variedade étnica e religiosa do país.

Políticos conservadores próximos ao governo apresentam objetivos mais ambiciosos: a redefinição do mapa político do Oriente Médio para promover a democracia, a diminuição do papel da Arábia Saudita na Opep e a resolução do conflito entre israelenses e palestinos.

Críticos do governo apontam motivos mais egoístas, como a abertura das vastas reservas de petróleo do Iraque aos EUA e o fortalecimento da dominação de Washington sobre os países do Golfo.

O Departamento de Estado dos EUA diz que o novo governo iraquiano deve incluir tanto moradores do país quanto dissidentes hoje no exílio. Mas até agora não há detalhes sobre como desmantelar a estrutura do partido Baath, que governa o Iraque desde a década de 1960.

Também não há acordo sobre o tamanho da participação dos exilados. Eles são vistos com desconfiança no Departamento de Estado, mas apontados como os novos líderes do país pelo Congresso.

Tampouco há consenso sobre qual deve ser a presença direta dos EUA no Iraque após a guerra. O Projeto para um Novo Século Americano, grupo conservador de onde se originam vários membros do gabinete, acha que os militares devem permanecer por lá mesmo se as relações de Washington com o vizinho Irã melhorarem.

Phyllis Bennis, especialista em Oriente Médio no Instituto de Estudos Políticos, uma entidade liberal, diz que a invasão do Iraque é apenas o começo de um plano dos conservadores para preservar a hegemonia norte-americana no futuro.

Para o embaixador libanês em Washington, Farid Abboud, não há razão para duvidar do sucesso da democracia no Iraque, mas isso pode desagradar aos Estados Unidos. Segundo ele, os iraquianos são intensamente nacionalistas e tão simpáticos aos palestinos quanto o governo de Saddam. Portanto, para ele, um regime instalado pelos Estados Unidos estaria manchado por um "pecado mortal".

 
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