| 17/01/2003 17h04min
A Casa Branca classificou nesta sexta, dia 17, de "perturbadora e grave" a descoberta de ogivas vazias, porém capazes de transportar armas químicas, no Iraque. Segundo o governo norte-americano, isso prova que o regime de Saddam Hussein não está se desarmando, como exige a Organização das Nações Unidas (ONU).
O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que as ogivas encontradas na quinta em um paiol de munição a sudoeste de Bagdá não constavam do relatório sobre armas, de 12 mil páginas, entregue no fim de 2002 pelo Iraque à ONU.
– O fato de o Iraque possuir ogivas químicas não-declaradas, que segundo a ONU estão em excelentes condições, é perturbador e grave. Sob a resolução da ONU, Saddam [Hussein] tem a obrigação de se desarmar. Fica cada vez mais claro que ele não está fazendo isso – disse Fleischer.
A descoberta das ogivas foi a primeira evidência física de que o Iraque está violando a resolução de desarmamento da ONU. O fato reforça as especulações de que um ataque norte-americano é iminente, mas o chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, disse que o incidente é pouco importante.
Fontes do Pentágono disseram que os Estados Unidos se aproximaram de um acordo com a Turquia, para usar as bases militares daquele país em caso de guerra no vizinho Iraque.
Em Bagdá, Saddam manteve seu tom de desafio, usando o 12º aniversário do início da Guerra do Golfo para ameaçar os norte-americanos e compará-los a invasores da Antiguidade, dizendo que seu país está determinado a "obrigar os mongóis da nossa era a cometer suicídio nos portões (de Bagdá)".
Ao comentar o discurso, Fleischer disse que Washington tem "muito menos interesse no que Saddam Hussein fala e muito mais interesse em que Saddam Hussein se desarme".
O Iraque disse que se esqueceu de declarar essas ogivas à ONU, ao que Fleischer perguntou "que outros tipos de lapsos de memória eles estarão tendo".
A Casa Branca diz que ainda não há planos definidos para um confronto, e uma fonte do governo disse que o país "vai continuar trabalhando com o Conselho de Segurança da ONU e com nossos aliados para fazer o que for necessário". Segundo ele, "isso não quer dizer que a força militar é necessária, mas ela pode vir a ser em algum momento no futuro".
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