| 24/06/2008 08h16min
Um misto de necessidade e convicção. Essa é a receita que leva o Grêmio a aproveitar cada vez no time principal jovens formados nas categorias de base. Os laterais Felipe Mattioni e Helder e os volantes Rafael Carioca e Willian Magrão são os casos mais recentes de sucesso.
A partir de 2005, pressionado pelas dificuldades financeiras provocadas pelo rebaixamento, o clube reforçou sua tendência histórica de apostar na chamada prata da casa.
Não se trata de utilização esporádica. Rafael Carioca, de 18 anos, jogou todas as partidas até agora no Brasileiro. Helder, de 19, só ficou fora do jogo contra o Vasco. E ainda assim por suspensão. Nessa partida, a alternativa foi Anderson Pico, de 19, igualmente uma solução caseira. Ocorreu o mesmo quando Paulo Sérgio recebeu o terceiro cartão amarelo. Felipe Mattioni, de 19 anos, foi uma boa solução contra o Fluminense.
A mesma filosofia de apostar na base faz com que a direção não se assuste diante da
iminência de perder Eduardo Costa. A
reposição virá com Willian Magrão, de 21.
– Investir nos jovens está no DNA do Grêmio. Nos momentos de maiores vitórias, sempre havia ex-juniores. E nos grandes desastres, como a queda para a Série B em 2004, os jogadores eram quase todos forasteiros – lembra o diretor-executivo, Rodrigo Caetano.
Ex-jogador do Grêmio, Caetano assumiu a coordenação das categorias de base em 2005. Foi considerado o nome mais adequado para iniciar o processo de profissionalização do departamento de futebol, previsto na reforma estatutária. Um dos passos foi aproximar ao máximo as metodologias de trabalho de todas as categorias. A partir daí, formar jogadores, utilizá-los no time principal, vendê-los a clubes do Exterior e investir o lucro em novas promessas viraram preceito básico. Hoje, cerca de 45% do grupo profissional é constituído por ex-juniores.
Algumas regras são observadas para que a transição dos juniores ao time de cima ocorra sem traumas. Uma delas,
bem singela, é fazer com que os
juniores requisitados para os coletivos fardem-se no vestiário principal, ao lado dos profissionais.
Também é nisso que o Grêmio pensa quando opta por escalar seu time júnior na Copa FGF. Submetidos a confrontos com profissionais, os garotos dão os primeiros passos para não estranhar a mudança de categoria. Foi assim com Carlos Eduardo. E deverá se repetir com o meia Douglas Costa e o volante Tiago Dutra, ambos com 17 anos e já nos planos de clubes europeus.
Mais do que confiar nos garotos, o Grêmio trata de não perdê-los, encaminhando contratos com cinco anos de duração.
– Mais do que prospectar garotos, é preciso mantê-los sob a proteção do clube – diz Caetano.
Rafael Carioca ganhou chance e aproveitou bem. Willian Magrão, Helder e Felipe Mattioni também estão dando boa resposta entre os titulares
Foto:
Fernando Gomes
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