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 | 08/07/2008 23h

Libertadores 1983: O empate e a vida na Batalha de La Plata

Guerra, violência e futebol marcaram uma das partidas mais emocionantes da história

Vinicius Rebello  |  vinicius.rebello@rbsonline.com.br

O dia 8 de julho de 1983 ficou marcado por ser a data de um dos mais incríveis jogos da história do Grêmio. Em campo, o Tricolor lutava contra o Estudiantes de La Plata por uma vaga na grande decisão da Libertadores. Fora dele, um suposto auxílio do Brasil aos ingleses na Guerra das Malvinas provocou a ira dos argentinos, que viam no Tricolor gaúcho um inimigo que ia muito além das quatro linhas. As informações são do site do Grêmio.

Esta é a 5ª reportagem de uma série especial do clicRBS sobre a conquista da Libertadores de 1983 pelo Grêmio

O Grêmio chegou para o jogo em La Plata com uma vantagem de dois pontos sobre América e Estudiantes. Uma vitória asseguraria ao Tricolor uma vaga nas finais do maior torneio interclubes de futebol das Américas. Um empate deixaria o clube gaúcho na dependência do resultado entre América e Estudiantes, na Colômbia.

Na chegada da delegação gremista ao acanhado Estádio Jorge Luis Hirschi, várias pedras foram arremessadas contra o ônibus brasileiro. No gramado, a situação não era diferente. Cusparadas, violência e muita confusão antecederam a partida.

Para se ter uma idéia do clima belicoso em La Plata, antes mesmo da bola rolar o árbitro uruguaio Luis de La Rosa (que substituiu Martinez Basan em cima da hora) apresentou cartão amarelo para o atacante Trobbiani.

E os argentinos não se intimidaram nem um pouquinho com a advertência do árbitro. Nos primeiros 45 minutos de partida, dois jogadores do Estudiantes foram expulsos.

A confusão que deixou o Estudiantes com nove homens começou depois que China cometeu uma falta sobre Trobbiani e foi chutado pelo argentino. Depois de ter expulsado o primeiro, o árbitro uruguaio foi empurrado por diversos argentinos, até que Ponce também foi mandado para o chuveiro.

Depois da cobrança da falta que originou as duas expulsões, Gugnale se aproveitou e chutou na saída de Mazarópi, aos 38 minutos, para abrir o placar. Aos 44, Osvaldo recebeu pela esquerda e chutou cruzado para empatar.

O empate no final do primeiro tempo soou como ofensa aos fanáticos torcedores argentinos. No túnel que levava os times aos vestiários, Caio foi agredido covardemente e teve como resultado uma lesão no tornozelo. César voltou para o segundo tempo no seu lugar.

E o próprio César foi o responsável pelo gol da virada tricolor, aos oito minutos da etapa final. Já com quatro homens a menos, os argentinos presenciaram um golaço marcado por Renato Gaúcho. Em uma jogada pela direita de ataque, o ponta deixou dois marcadores no chão e chutou para o fundo das redes. Eram 18 minutos do segundo tempo.

Tomados por uma ira nunca antes vista em um campo de futebol, os argentinos partiram para o ataque e conseguiram acuar os gremistas, mesmo estando em considerável desvantagem numérica. Gurrieri descontou aos 31 minutos. Osvaldo marcou o quarto gol do Grêmio, que foi anulado inexplicavelmente pelo árbitro da partida.

A pressão do Estudiantes era imensa e, faltando quarto minutos para o fim da Batalha de La Plata, Russo marcou o gol de empate.

Mesmo tendo permitido a igualdade para uma equipe com apenas sete homens em campo, o Grêmio comemorou ter conseguido deixar La Plata com vida. O Tricolor dependia agora de, pelo menos, um empate do já eliminado América de Cali contra os argentinos para chegar à final.

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