| 25/07/2008 23h10min
No dia seguinte ao vexame, o silêncio da consternação. Por orientação do técnico PC Gusmão, os jogadores do Figueirense não deram entrevistas nesta sexta-feira. Para evitar um desgaste ainda maior no grupo, só o próprio treinador falou sobre a goleada de 7 a 1 sofrida diante do Grêmio, quinta-feira, no Scarpelli.
Tem um campeonato inteiro pela frente e todo zelo é bem-vindo, ainda mais para um elenco que teve justamente na instabilidade emocional um dos principais problemas no início da competição. O equilíbrio parecia ter sido recuperado com a chegada de PC Gusmão e é esta impressão que a equipe espera manter com um bom resultado diante do Atlético-PR, amanhã, em Curitiba.
O clima no dia após a goleada, porém, foi bem diferente daquele experimentado nas últimas semanas. O sorriso deu lugar ao semblante fechado pela batalha perdida. A guerra, no entanto, continua, e aprender com as estratégias erradas do passado é a lição que PC tenta passar ao time antes do próximo embate.
Os próprios jogadores comentavam, entre eles, na reapresentação, no Centro de Formação e Treinamento, em Palhoça, sobre os lances que determinaram a maior goleada da história alvinegra na Série A. Como a dificuldade em penetrar na defesa gremista, os espaços cedidos no próprio campo. Tudo para "consumo interno". Diante dos microfones, só o treinador deu a cara a bater.
— Os meninos estão muito sentidos, muito chateados. Se o momento bom foi credenciado à minha chegada, então nada melhor do que neste momento eu assumir toda a responsabilidade — justificou o treinador.
— Foi um acidente de percurso, o ritmo de trabalho e a confiança continuam — refletiu.
Carinho e consolo do torcedor
No meio do treino desta sexta-feira, os jogadores tiveram uma surpresa. Depois de uma goleada de 7 a 1, ninguém esperava receber o carinho do torcedor alvinegro, por mais condescendente que fosse. Mas o garoto Gustavo Albino, de 14 anos, mostrou o verdadeiro sentido da expressão "amor à camisa".
Ele era um dos cerca de 10 mil alvinegros que acompanharam a goleada do Grêmio, quinta-feira à noite. Sofreu com o time, mas não arredou o pé do Scarpelli enquanto o árbitro não apitou o encerramento da partida.
— Torci do começo ao fim. Uns amigos meus saíram antes, eu fiquei até o último minuto — contou o jovem torcedor, que foi ao treino para colher autógrafos dos jogadores.
Nem a goleada seria capaz de arrefecer a paixão pelo clube.
— Não vou deixar de ser torcedor por causa de um resultado, não tem como.
Os atletas retribuíram o carinho inesperado com atenção e sorrisos de esperança. Assinaram a camiseta do garoto e ouviram palavras de apoio.
— Nós estamos aí para apoiar e para dizer que foi só um acidente de percurso. Domingo estamos lá em Curitiba para incentivar o time — garantiu o pai de Gustavo, Evandro Albino, 37 anos, que estava mal da garganta e não pôde ir ao jogo.
No domingo, porém, vai levar o filho à Arena da Baixada para ver o ídolo Cleiton Xavier em ação mais uma vez. Gustavo, meio-campista nas peladas com os amigos, sonha em ser como ele um dia.
— Tem que ser melhor do que eu, igual a mim é pouco — brincou Cleiton, que terá em Curitiba, mais uma vez, o incondicional apoio de verdadeiros torcedores.
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