Afastado dos treinos desde o final do ano passado por conta de uma doença misteriosa, Chiquinho está perto de voltar a fazer o que mais gosta: jogar futebol. O lateral-esquerdo do Inter submeteu-se a exames médicos esta semana, cujo resultado deve ser conhecido nesta sexta-feira. Se for constatada a desobstrução total de uma artéria do cérebro, o jovem de 19 anos vai em seguida iniciar os trabalhos de recuperação física. A expectativa é de que esteja à disposição do técnico Muricy Ramalho em março, às vésperas da estréia colorada no Campeonato Brasileiro.

Foi justamente no Brasileirão de 2002 que Chiquinho começou a se destacar em meio à mediocridade do time, que livrou-se do rebaixamento somente na última rodada, com vitória por 2 a 0 sobre o Paysandu. Naquela partida, ele foi titular do então treinador Cláudio Duarte e, depois do apito final, chorou comvulsivamente por conta da permanência na Série A. Sob o comando de Celso Roth, antececessor de Duarte, o garoto teve poucas chances mas soube aproveitá-las. Foi contra o campeão Santos que encheu os olhos da torcida com jogadas ousadas e dribles habilidosos.

As atuações vistosas renderam a Chiquinho uma convocação para o Sul-Americano Sub-20 junto de Daniel Carvalho. Os problemas de saúde fizeram com que fosse vetado em seguida e perdesse a chance de brilhar ao lado dos companheiros Daniel e Cleiton Xavier, chamado depois para a vaga do santista Diego, lesionado.

Na época, Chiquinho viveu a incerteza sobre seu futuro no esporte. Realizou diversos exames, e alguns deles foram inclusive enviados ao Exterior em busca de um diagnóstico mais preciso. Inicialmente, foram cogitados problemas cardíacos por conta das dormências que acusou em algumas partidas do Brasileiro. Contra o Coritiba, ele não sentiu o lado direito do corpo e começou a se preocupar. No primeiro exame, realizado no dia 29 de novembro, a ressonância magnética mostrou uma mancha na cabeça.

Tratava-se de um problema vascular com causa ainda desconhecida. Cautelosos, os médicos do Inter afastaram o jogador de qualquer atividade física mais pesada. Cessaram os treinos físicos e com bola, e até das corridas Chiquinho ficou afastado. Nesse meio tempo, seguiu o tratamento com medicamentos e restringiu as atividades a corriqueiras caminhadas. Agora, está prestes a buscar o tempo perdido. Para o setor, Muricy conta hoje com Vinícius, zagueiro no ano passado, e Ismael, promovido das categorias de base. A direção não contratou um atleta de fora, talvez na convicção de que já dispunha de um jogador bastante qualificado no Beira-Rio.