| 24/10/2008 04h43min
Nena, quem diria, trocou os pés pelas mãos aos 85 anos. Calma, não se trata de trapalhada: o zagueiro que chegou à Seleção graças às atuações pelo Rolo Compressor, mítico time do Inter da década de 40, agora virou craque com as cartas no jogo de paciência. Radicado em Goiânia, o único jogador ainda vivo do Rolo chegou ontem à Capital para o lançamento de um livro sobre o time. Sem esquecer do baralho, claro. – É para passar o tempo – justifica.
Pois Nena terá de guardar o carteado esta noite para comparecer à sessão de autógrafos da obra Rolo Compressor - Memória de um Time Fabuloso, do jornalista Kenny Braga. Irá ao Mercado Público acompanhado da mulher, Juraci, 84 anos, e do cunhado Iris Paixão Rodrigues, 80, que os hospedou no bairro Santa Cecília. Nena pretende ficar por aqui até a próxima semana.
A estadia deve incluir um passeio pelo Beira-Rio, casa do time pelo qual o zagueiro jogou de 1942 a 1951 - nos Eucaliptos, convém
lembrar. À época, formou um “trio
final”, como diziam os mais antigos, com Ivo, o goleiro, e Alfeu, seu tutor na defesa. Entre as poucas lembranças que guarda dos tempos de jogador, aparecem a amizade com Abigail, falecido em dezembro do ano passado, e as dicas de Alfeu, mais experiente, sobre como proceder contra os atacantes. Como se fosse preciso ensinar um jogador que esteve na Copa do Mundo de 1950, mas acabou fora da final contra o Uruguai. Assistiu à maior tragédia do futebol brasileiro das tribunas do Maracanã. De qualquer forma, uma façanha, considerando-se o fato de atuar fora do eixo Rio-São Paulo.
– Saí da várzea e acertei no Inter. Foi uma equipe que se destacou – lembra.
Nena pouco fala sobre o Rolo e a Copa - evita também comentários sobre a Seleção atual. Aparentando boa saúde, economiza na fala mansa, mas não nos sorrisos e na simpatia. Vestindo camisa azul clara listrada, jeans e sapatos marrons, Nena admitiu que raramente acompanha futebol, o Inter
inclusive.
A mulher, Juraci, conta que
o casal costuma vir ao Estado para o aniversário do clube, o que não aconteceu este ano. Mas houve uma homenagem em Goiânia, no começo do mês, quando o Inter enfrentou o Goiás. Nena gostou, claro. Assim como desta vez, no reconhecimento em forma de livro. O comentário vem ao estilo dos grandes zagueiros: de forma sucinta.
– Me sinto feliz.
Kenny Braga festeja a vinda de Nena:
– Ele é um patrimônio do Estado.
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