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 | 25/03/2003 19h53min

Batalha por Bagdá se aproxima

Aliados conseguiram cruzar o Rio Eufrates, em Nasiriya

Apesar das dificuldades, as tropas aliadas conseguiram avançar em direção a Bagdá nesta terça-feira, dia 25. Aviões ocidentais atacaram unidades da Guarda Republicana que defendem a capital iraquiana, enquanto uma coluna de blindados avança lentamente, por causa de uma tempestade de areia, rumo à batalha decisiva pela derrubada do regime de Saddam Hussein.

Na noite desta terça (tarde em Brasília) fortes explosões e artilharia antiaérea foram ouvidas em Bagdá. A capital iraquiana foi atingida por uma série de ataques aéreos nesta terça, muitos deles em regiões no leste da cidade, onde se acredita estão membros da Guarda Republicana do Iraque.

No sul do Iraque, os marines dos EUA finalmente superaram a resistência iraquiana e conseguiram cruzar o Rio Eufrates, em Nasiriya. Mas eles encontraram uma nova emboscada ao norte, apesar de um bombardeio aéreo ter matado pelo menos 30 iraquianos que pareciam se preparar para o combate. Os marines usaram helicópteros, tanques e artilharia contra os iraquianos, que durante três dias ofereceram resistência. Desde o começo da operação, há dez marines mortos, 12 feridos e 16 desaparecidos.

Na cidade de Basra, reduto de muçulmanos xiitas e a segunda maior cidade do país, havia indicações sobre um possível levante, segundo um militar britânico do Centro de Comando no Catar. No entanto, o ministro da Informação iraquiano, Mohammed Saeed al-Sahaf, negou à televisão árabe Al Jazeera que oponentes do presidente Saddam Hussein tenham feito uma revolta na cidade.

Fontes militares do quartel-general norte-americano no Catar disseram que pára-quedistas controlaram, durante a noite, uma pista de pouso deserta. Seis equipamentos que "confundem" os sistemas de orientação por satélite dos EUA teriam sido destruídos.

Um outro comboio militar estava seguindo pela rodovia que liga Basra a Bagdá, a qual cruza o Eufrates a oeste de Nasiriya. Um comandante da Marinha britânica disse que suas tropas conseguiram resistir a um avanço de cerca de 50 tanques iraquianos em Basra. Os EUA disseram que tinham intenção de atingir alvos na cidade, mas não de sitiá-la.

Os comandantes das tropas anglo-americanas no extremo sul do Iraque disseram que conseguiram eliminar a resistência dos franco-atiradores iraquianos na cidade portuária de Umm Qasr, que agora está pronta para receber ajuda humanitária.

Apesar disso, os britânicos e norte-americanos dizem que não se deve esperar um final rápido para a guerra.

– Acho que a luta mais dura ainda está pela frente – disse o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Richard Meyers, referindo-se ao cerco de Bagdá.

Em Londres, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou que as tropas ocidentais estão atacando a Divisão Medina do Exército iraquiano, que defende Bagdá. Blair disse que o mau tempo deve dificultar essa operação, mas afirmou que, nos seis primeiros dias do conflito armado, "muita coisa já foi conseguida".

O general norte-americano Victor Renuart disse que os ocidentais fariam 1,4 mil ataques aéreos nesta terça, mas confirmou que o mau tempo está prejudicando as operações.

– Há ventos fortes, alguma chuva, alguns trovões, e isso ocorre em todo o país, de modo que não foi um dia muito confortável no campo de batalha – disse Renuart.

Jornalistas que acompanham a operação disseram que a tempestade de areia diminuiu a visibilidade a cinco metros em alguns pontos, o que obrigou a várias paralisações no comboio que se dirige a Bagdá.

Segundo o governo iraquiano, os ataques mataram 16 iraquianos e feriram 95 nas últimas 24 horas. O ministro da Informação, Mohammed Saeed Al Sahaf, disse que as tropas de seu país mataram oito soldados invasores.

Segundo a imprensa norte-americana, o governo iraquiano traçou uma "linha vermelha" ao redor de Bagdá, dentro da qual seriam usadas armas químicas contra as tropas de invasão. O Pentágono não confirmou essa suspeita. O governo iraquiano nega ter armas de destruição em massa.

Até agora, a resistência iraquiana vem sendo mais forte do que imaginavam os estrategistas do Pentágono.

– Seu sonho de uma guerra curta e fácil começou a evaporar, e sua esperança de derrotar o povo iraquiano está sendo destruída – disse um porta-voz militar de Bagdá.

Saddam conta com a reação popular para resistir ao ataque e pediu aos líderes tribais do país que entrem na guerra.

– O inimigo violou nossas terras e agora está violando nossas tribos e famílias – disse o presidente em um comunicado lido por um locutor na TV estatal.

No terreno político, o primeiro-ministro Blair disse que deve visitar o presidente norte-americano, George W. Bush, na quarta-feira. Será o primeiro encontro entre ambos desde o início da guerra. Na quinta-feira, Blair se reúne com o secretário-geral da ONU, Kofi Annan. As informações são da agência Reuters.

 
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