| 02/04/2003 15h25min
Depois da notificação da primeira suspeita de paciente com Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) no Brasil, o ministro da Saúde, Humberto Costa, tratou de convocar uma entrevista coletiva em Brasília para apresentar as medidas que o governo federal adota para evitar que os rumores sobre os sintomas da doença conhecida popularmente como pneumonia asiática acarretem uma procura desenfreada pelas unidades de saúde de todo o país.
– Não é uma coisa que passou, pegou – tranqüilizou o ministro.
Nesta quarta, dia 2, uma jornalista inglesa vindo de Cingapura que desembarcou em São Paulo para cobrir o Grande Prêmio de Fórmula-1 foi internada com os sintomas da doença. Humberto Costa garantiu que desde 1º de fevereiro, dia no qual a Organização Mundial de Saúde (OMS) apresentou o primeiro registro de enfermo, o país pratica ações para evitar a chegada da Sars ao Brasil. Aeroportos e portos brasileiros foram orientados a encaminhar passageiros com sintomas da doença – tosse seca, falta de ar, febre acima de 38ºC, fadiga muscular e histórico de contato com paciente já diagnosticado como doente – aos hospitais mais bem equipados de cada região, com o objetivo de evitar a transmissão.
Ainda que a contaminação se dê pelo ar, é necessário, segundo explica o ministro, um contato mais íntimo para que a Sars se propague. Entenda-se "contato íntimo", conforme Humberto Costa, a aproximação tida, por exemplo, pelos médicos que tratam dos pacientes ou da pessoa que viajou de Cingapura ao Brasil ao lado da jornalista inglesa com a suspeita.
O ministro Humberto Costa recomendou que viagens à China, principalmente aquelas que tenham como destino Hong Kong, sejam adiadas. Naquela região, foi registrado o maior número de casos da Sars. Para as demais zonas asiáticas, o cuidado pode ser menor: evitar aglomerações de pessoas e contatos com febris, cujo diagnóstico não se conheça.
Sobre a provável contaminação da repórter inglesa, o ministro da Saúde informou que ela foi submetida a uma bateria de exames nesta quarta, dia 2. A mulher, pelos sintomas iniciais, pode ser vítima de uma pneumonia comum, bacteriana, tratável por meio de antibióticos.
O primeiro boletim médico divulgado diz que o quadro clínico da paciente apresenta características de pneumonia bacteriana e a evolução está sendo favorável com o uso de antibióticos. O hospital ressalta no entanto, que apesar dos prognósticos, decidiu estabelecer todos os procedimentos exigidos em casos da Síndrome Respiratória Aguda Grave. O estado geral da paciente, acrescenta, é bom. O nome da jornalista não foi divulgado.
Assim como a inglesa, 25 jornalistas que chegaram ao país no mesmo vôo estão sendo monitorados. Todos estão acomodados no mesmo hotel em São Paulo, o que facilitou o processo de acompanhamento. Até o momento, nenhum apresentou qualquer sintoma da doença. Caso alguma das manifestações seja notada, o profissional será, imediatamente, isolado.
Os dados mais recentes da OMS revelam que 1804 casos da doença em todo o mundo foram registrados. O número de óbitos chega a 62. O enfermo se manifesta com maior gravidade nos infectados com idades superiores a 40 anos ou naqueles com algum comprometimento imunológico. Acredita-se que o agente causador da Sars seja um vírus. A informação, entretanto, não foi confirmada.
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