Evitar sofrer gol é a principal missão do Figueirense nesta quarta, a partir das 20h30min, diante do São Paulo, no Estádio Orlando Scarpelli, em Florianópolis, pelo confronto de ida das oitavas-de-final da Copa do Brasil. Se após as duas partidas permanecer o empate em pontos e saldo, passa adiante a equipe que tiver marcado mais gols fora de seus domínios.

Como o tricolor paulista é sempre temido no Morumbi (palco do jogo do dia 30), a intenção do alvinegro é facilitar o serviço para a segunda metade da tarefa. Para cumprir o roteiro à risca, o Figueira vai ter que lutar contra seu próprio retrospecto na temporada.

Em 21 jogos, válidos pela Campeonato Catarinense, pela Copa do Brasil e pelo Campeonato Brasileiro, o time de Florianópolis só não levou gol em quatro, todos no Estadual. Por isso, a preocupação aumenta entre os guardiões do setor defensivo, principalmente na última ponta deste sistema, o goleiro Édson Bastos.

– Não podemos sofrer gol de jeito nenhum, isto está fora de cogitação. Temos que ter a mesma responsabilidade de sempre, com determinação, para as coisas darem certo – explicou.

Unanimidade desde o ano passado, quando assumiu a posição, o titular da camisa número 1 enfrentou as primeiras críticas ao seu trabalho após as duas primeiras rodadas do Brasileiro, sobretudo após o jogo de domingo, contra o Corinthians, quando não conseguiu cortar a cabeçada de Fábio Luciano, no segundo gol do Timão. Mas o goleiro está com a cabeça fria.

– Reclamaram que eu deixei o gol, mas se eu fico, depois iam perguntar: Por que ele não saiu? O que interessa é que já mostrei meu valor, a torcida e a diretoria conhecem o meu trabalho, estou tranqüilo – disse.

O Figueirense deve ter duas novidades para a partida. Uma está confirmada, a outra foi reservada para o mistério do técnico Vágner Benazzi. O nome certo em campo é o do atacante Marcelo Régis, que disputa sua primeira partida como titular com a camisa alvinegra. O jogador, de 20 anos, foi contratado no ano passado, durante o Brasileirão 2002, mas havia recebido poucas oportunidades na equipe.

Na maior parte das vezes, nem para o banco de reservas foi relacionado. Agora, de uma vez só, ganha a chance de começar a partida, e além disso, atuando ao lado de um ídolo de infância, o experiente Evair.

– Sou palmeirense, torci muito para o Evair durante a minha vida. Agora vou jogar junto com ele, é engraçado, cheguei até a comentar sobre isso com ele – disse.

A outra alteração fica no campo das suposições, mas está muito próxima da realidade. Para proporcionar maior poder de marcação, Emerson Ávila deve estrear na lateral esquerda, para a saida do prata-da-casa Filipe.

O técnico Vágner Benazzi não confirmou, mas também não desmentiu, e ainda deu indícios de que a substituição pode ocorrer.

– Precisamos de mais força na marcação, mas a equipe não vai fugir muito do que estamos apresentando, pelo menos nove vão permanecer – declarou, deixando margem para especulação a respeito da segunda mudança.

No treino da tarde desta terça, um recreativo, Evair foi poupado, e Emerson Ávila foi utilizado no time titular.

A chegada dos jogadores do São Paulo, nesta terça, ao Aeroporto Hercílio Luz, em Florianópolis, foi tranqüila. Apesar dos desfalques confirmados do lateral Leonardo Moura e de dois pentacampeões, o goleiro Rogério Ceni e do meia Kaká, o técnico Oswaldo de Oliveira recebeu uma notícia importante: o atacante Luís Fabiano foi liberado pelos médicos e vai participar da partida contra o Figueirense.

Será o primeiro de dois jogos que o tricolor realiza em solo catarinense. O que poderia representar uma calmaria na turbulência que a equipe do Morumbi vem enfrentando na capital paulista, pode se transformar em mais um capitulo da crise do treinador com a torcida tricolor.

Mas Oswaldo de Oliveira nem quer ouvir falar em "clima". Quer vencer o Figueirense, simplesmente.

– É uma boa conquistar a vitória, o clima é comum, faz parte do futebol, nós não estamos preocupados com isso – comentou.

Oswaldo rejeita a idéia de que o tricolor possa aproveitar a semana que vai passar em Santa Catarina – joga contra o Figueirense e no domingo encara o Criciúma, pelo Brasileiro – para, de certa forma, "fugir da pressão" em São Paulo.

Afinal, os torcedores tricolores pedem a saída do treinador e a imprensa paulista cobra um desempenho melhor dos craques do time do Morumbi.

– Chegamos aqui apenas para jogar uma partida pela Copa do Brasil e outra pelo Campeonato Brasileiro. Nada além disso – garantiu.

A julgar pelas palavras do treinador e até dos jogadores, o São Paulo não veio somente para jogar; veio para vencer.

– A questão é conseguir vencer. Será um jogo difícil. O Figueirense é uma equipe muito boa, mas a nossa pretensão aqui é buscar um bom resultado –afirmou o treinador.

– É um jogo importantíssimo. Faltam oito jogos para chegar ao título, este é o nosso pensamento. Estamos fazendo a contagem regressiva para voltar à Libertadores que é o nosso objetivo. E para isso nós jogadores temos que nos doar ao máximo neste jogo contra o Figueirense – afirmou o goleiro Roger.

Para conseguir a vitória e espantar de vez a crise do Morumbi, Oswaldo de Oliveira mexe no time. O treinador resolveu improvisar o volante Fábio Simplício na lateral esquerda, no lugar do jovem Gabriel.

Assim, abre uma vaga no meio-de-campo para o estreante Adriano, contratado recentemente junto à Portuguesa Santista. Adriano estréia ao lado do antigo companheiro na Lusa Praiana, o meia Souza, um dos grandes destaques do último Paulistão.

Os dois chegaram na semana passada e treinaram pouco com o time, mas o treinador garante que a qualidade dos jogadores é suficiente para driblar a falta de conjunto.

– Vão sair jogando, são jogadores que disputaram o Campeonato Paulista, foram muito bem, temos as melhores informações sobre os dois e acredito que não terá nenhum problema – comentou.

– Cheguei aqui há pouco tempo, mas parece que estou no São Paulo há vários anos. Estou pronto para assumir essa responsabilidade e sei que nessas horas é que aparecem os grandes jogadores – declarou Souza.

As informações são do Diário Catarinense.