| 23/09/2003 12h29min
No discurso proferido na 58ª Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a mostrar nesta terça, dia 23, repúdio à política norte-americana em relação ao Iraque. Apesar de não citar explicitamente os Estados Unidos, Lula deixou claro que a solução para a região passa pela atuação maior da ONU. E disse ainda que toda a nação comprometida com a democracia precisa de processos decisórios transparentes.
– As tragédias do Iraque e do Oriente Médio só encontrarão solução num quadro multilateral em que a ONU tenha papel central – disse o presidente referindo-se a situação dos iraquianos.
Para o líder brasileiro, só será assegurada a solução do impasse no Iraque com o reestabelecimeto da ONU. Em seu pronunciamento, Lula também lembrou a competência e atuação do diplomata brasileiro Sérgio Viera de Mello, representante das Nações Unidas no Iraque, morto no mês de agosto em um ataque à sede da organização.
– A ONU não foi concebida para remover os escombros dos conflitos que não pôde evitar – afirmou.
Sobre a importância da atuação diplomática em detrimento ao uso das armas, Lula foi enfático:
– Não podemos confiar mais nas ações militares do que nas instituições que criamos – mencionou Lula.
Ao frisar a necessidade de mudança na ONU e de fortalecimento político, Lula reforçou que o Brasil está capacitado para ingressar no Conselho de Segurança. Ele enunciou as várias parcerias que o país está fazendo como prova da capacidade brasileira de dialogar com diferentes governos e disse que a entrada do país na ONU tem recebido apoio de países da América do Sul e na América Latina.
Como já havia sido divulgado antes do discurso, as palavras incitando uma guerra contra a fome e a miséria predominaram no pronunciamento do presidente. Da mesma forma que fez em Davos, no Fórum Econômico Mundial, e em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial, Lula pediu a união dos países desenvolvidos para a formação e um comitê mundial contra a fome gerenciado pela ONU. Para isso, citou as palavras de Paulo VI que dizem que os povos da fome se dirigiam aos povos da opulência para solucionar o flagelo que atinge um quarto dos habitantes do mundo.
Encerrando seu discurso, Lula brandiu que a paz só será atingida com justiça social e para isso é preciso que as nações se unam.
– É hora de chamar a paz pelo seu nome próprio: justiça social – afirmou.
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