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ONU afasta diretores por falhas de segurança no Iraque

Kofi Annan determinou reorganização estratégica na coordenação de segurança

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, afastou nesta terça, dia 4, dois funcionários de alto escalão, depois que o relatório de uma comissão independente apontou falhas de segurança que permitiram o devastador atentado de agosto contra o prédio da entidade em Bagdá.

Os dois afastados são o birmanês Tun Myat, coordenador global de segurança da ONU, e o português Ramiro Lopes da Silva, ex-responsável pelo pessoal e pela segurança no Iraque. Lopes da Silva era chefe interino da missão da Organização das Nações Unidas (ONU) em Bagdá desde 19 de agosto, quando o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, titular do cargo, foi morto no atentado, com mais 21 pessoas.

Stephane Dujarric de la Riviere, porta-voz da ONU, disse que Tun e Silva pediram para ser afastados enquanto um grupo de especialistas, nomeado nesta terça, determina responsabilidades e propõe maneiras de reformular em todo o mundo a segurança da ONU.

Mas o porta-voz disse também que Annan já tinha decidido que "eles terão licença especial até meados de janeiro, embora permaneçam disponíveis à equipe para fornecerem informações relevantes".

Durante este período, a norte-americana Catherine Bertini, subsecretária-geral de gerenciamento, assume as responsabilidades sobre a coordenação de segurança.

Em carta aos funcionários da ONU, na sexta, dia 31, Annan prometeu combater "as falhas sistemáticas" na segurança da entidade para garantir que os atentados não se repitam. Ele estava respondendo a um assustador relatório da comissão independente, divulgado em 22 de outubro, que investigou o atentado de agosto.

A comissão, liderada pelo ex-presidente finlandês Martti Ahtissaari, disse que o sistema de segurança da ONU é tão "antifuncional" e "negligente" que provavelmente custou vidas humanas. As deficiências incluem o desconhecimento de quantos funcionários eram mantidos no Iraque, o atraso –  que ainda não foi sanado – na instalação de vidros à prova de estilhaços e a rejeição à oferta norte-americana de vigilância, sem a apresentação de nenhuma alternativa.

Annan também determinou a "reorganização estratégica" da coordenação de segurança, a ser comanda pela subsecretária-geral Louise Frechette, ela própria acusada no relatório de ter liderado um grupo que eliminou a cadeia de comando nas questões de segurança.

Mas Dujarric disse que Annan tem "total confiança" na canadense Frechette. Ele afirmou que a cadeia de comando será levada em conta pela nova equipe de especialistas. Este grupo será comandado por Gerald Walzer, ex-alto-comissário-adjunto para refugiados.

Depois do atentados de agosto, Annan reduziu drasticamente a presença de funcionários estrangeiros no Iraque. Na semana passada, ele decidiu retirar os últimos 20 de Bagdá, pelo menos temporariamente, após uma semana de novos atentados, um deles contra a Cruz Vermelha.

Os funcionários serão instalados em Chipre, onde se reúnem por pelo menos duas semanas com especialistas em segurança para decidirem se e quando devem voltar ao Iraque. As informações são da agência Reuters.

 
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