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Dois carros-bombas atingiram alvos britânicos nesta quinta, dia 20, em Istambul, matando 27 pessoas e ferindo outras 440. Aparentemente, os ataques foram planejados para coincidir com a visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a Londres.
Os alvos do ataque foram o consulado britânico na cidade e a filial local do banco HSBC, que tem sede em Londres. O capelão do consulado disse que o cônsul-geral Roger Short, diplomata de carreira, está entre as 13 pessoas que morreram na explosão de um furgão, que deixou uma grande cratera em uma rua movimentada. O governo britânico também acredita que outra funcionária da diplomacia tenha morrido.
– Sabíamos que era uma bomba quando um braço veio voando pela janela – disse um médico em uma clínica próxima à sucursal do HSBC.
O primeiro-ministro Tayyp Erdogan prometeu agir com dureza.
Em ambos os locais, homens e mulheres choravam em meio ao caos de carros destruídos e corpos desmembrados. Uma espessa fumaça negra subia ao céu claro, enquanto ambulâncias cruzavam as ruas com sirenes ligadas.
O chanceler britânico, Jack Straw, disse que os ataque "têm todas as marcas das operações de terrorismo internacional praticadas pela Al Qaeda e por organizações associadas". Washington atribui os atentados de 11 de setembro de 2001 à Al Qaeda. O governo turco informou que Straw viajaria a Istambul ainda na noite desta quinta.
Foi a segunda carnificina em Istambul em cinco dias. No sábado, dois atentados similares mataram 25 pessoas em duas sinagogas da cidade, muitas delas muçulmanos que passavam pela rua.
– Foram provavelmente ataques terroristas – disse o ministro turco do Interior, Abdulkadir Aksu, à CNN, comentando os atentados de quinta-feira.
Em entrevista coletiva em Londres, ao lado de Bush, o primeiro-ministro Tony Blair afirmou que o "ultraje terrorista" mostra que a democracia está travando uma guerra contra o mal.
A Turquia é o único país da Otan com população majoritariamente muçulmana. O país é oficialmente laico e é aliado dos Estados Unidos e de Israel. Por isso, Washington costuma apontar a Turquia como modelo de democracia islâmica.
Bush lamentou o ataque, dizendo que "a Grã-Bretanha, os Estados Unidos e outras nações livres estão unidas na nossa determinação de combater e derrotar esse mal onde quer que seja encontrado".
– Os terroristas esperam nos intimidar e desmoralizar. Eles querem intimidar e desmoralizar particularmente as nações livres. Não vão conseguir – afirmou Bush.
A primeira explosão desta quinta atingiu uma avenida movimentada no bairro financeiro de Istambul, onde se destacam a torre do HSBC e um recém-inaugurado shopping center. O alvo da segunda explosão, o consulado, fica em uma rua estreita, num bairro repleto de lojas, bares e restaurantes.
– Ouvi uma grande explosão. Achei que fosse um terremoto – disse Adnan Akyildiz, que estava trabalhando no consulado. – Eu me joguei pela janela. A cena era horrível: o portão, o consulado, os prédios, estava tudo destruído. Então olhei para os meus amigos, vi quatro outros faxineiros mortos, dois deles eram marido e mulher.
A rua, que momentos antes fervilhava de movimento, ficou cheia de destroços. Uma testemunha disse ter visto uma van verde com o logotipo de uma indústria alimentícia passando pelo portão e explodindo. Foi a mesma técnica usada cinco dias antes nos ataques às sinagogas.
Um homem telefonou para a agência Anatolian assumindo a responsabilidade pelos atentados em nome da rede Al-Qaeda e de um grupo turco conhecido como Frente dos Grandes Combatentes Islâmicos Orientais (IBDA-C na sigla em inglês), também ligado aos atentados de sábado.
Grupos militantes islâmicos atuam há muito tempo na Turquia, mas suas ações eram até agora limitadas a atentados pequenos e assassinatos.
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