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 | 23/01/2004 21h56min

Rio Grande do Sul sai fortalecido da reforma ministerial de Lula

Tarso Genro assumirá Educação, ministério com maior visibilidade

O Rio Grande do Sul perdeu uma pasta, mas não saiu enfraquecido da reforma ministerial, anunciada nesta sexta, dia 23, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até o arranjo, o Estado tinha cinco integrantes no primeiro escalão do governo. A ministra Emília Fernandes (PT-RS), teve de deixar a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, dando lugar a Nilcéa Freire, ex-reitora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Por sua vez, o gaúcho Tarso Genro apenas trocou de posto, ganhando maior poder e visibilidade. Deixará de estar à frente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para comandar a Educação, em substituição a Cristovam Buarque (PT-DF). O político do Distrito Federal, que está em Portugal, soube de seu afastamento através de um telefonema, e não escondeu um certo desconforto com o comunicado. Buarque recusou embarcar em viagem com o presidente para a Índia.

A área social sofreu duas baixas: Benedita da Silva (PT-RJ), da Assistência e Promoção Social, e José Graziano (PT-SP), da Segurança Alimentar e Combate à Fome. O Ministério do Desenvolvimento Social, que será comandado por Patrus Ananias (PT-MG), abrangerá as atribuições das duas pastas extintas. Foi poupado da ceifa do Planalto o ministro das Cidades, Olívio Dutra (PT-RS). Os outros representantes gaúchos continuam à frente de seus ministérios – Miguel Rossetto, com o Desenvolvimento Agrário, e Dilma Rousseff, com a pasta da Minas e Energia.
 
Além de anunciar a reformulação na equipe, o presidente deu posse aos ministros de seu governo. O arranjo na Esplanada dos Ministérios, que inicialmente estava atrelado à entrada do PMDB no governo, causou mudanças que foram além do ingresso do partido aliado. O senador Amir Lando (PMDB-RO) assumiu a Previdência Social, e Eunício Oliveira (PMDB-CE), passou a ocupar o Ministério da Comunicação.

Em seu discurso, Lula lembrou que o partido auxiliou o governo na votação das reformas da Previdência e tributária. Apesar de ter sido aprovada pela cúpula do PMDB, os peemedebistas gaúchos são contrários à adesão completa ao Planalto. O governador Germano Rigotto, por exemplo, salientou diversas vezes que a entrada do partido no governo passaria aos eleitores uma imagem de clientelismo. O apoio ao Planalto deveria ser mantido, mas sem a troca de favores. A resistência nos pampas talvez explique a entrada apenas de membros da sigla do Norte e do Nordeste.

Ao comunicar que o ministro das Comunicações, Miro Teixeira (sem partido-RJ), será o líder do governo na Câmara dos Deputados, o presidente se atrapalhou, causando risadas no público presente ao anúncio. Lula primeiro comunicou que Teixeira assumiria como líder do PT, e logo depois corrigiu o ato falho. O até então ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, está agora à frente do Ministério do Trabalho e Emprego no lugar de Jacques Wagner, que assume o Conselhão.

Durante a solenidade no Palácio do Planalto, o presidente confirmou que Eduardo Campos (PSB-PE) assumirá o cargo de ministro da Ciência e Tecnologia, no lugar de Roberto Amaral. Por sua vez, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) comandará a nova Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Constitucionais, auxiliando o chefe da Casa Civil, José Dirceu, nas articulações com o Congresso. Quando comunicou a indicação de Rebelo, o presidente fez um elogio à atuação de Dirceu. Lula disse que seriam necessários dois Golias para tratar da administração interna e dos contatos com o Congresso. Apesar de deixar clara a necessidade de mais uma pessoa, Lula afirmou que Dirceu conseguiu dar conta do recado.

Mesmo dividindo suas atribuições, o ministro Dirceu saiu fortalecido da reforma ministerial. Com as alterações, o governo transferiu a parte de gestão, atualmente a cargo do Ministério do Planejamento, para a Casa Civil. José Dirceu atuará como uma espécie de gerente do governo, cobrando resultados dos demais ministros.

Para tentar amenizar a frustração dos que saem do governo, Lula comentou:

– Apesar de o Pelé ser o melhor jogador do mundo, foi substituído. Não quer dizer que quem entrou no lugar dele jogasse melhor.

 
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