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Para Lula, século 21 será dos países emergentes

Comércio entre países do Hemisfério Sul é caminho proposto pelo presidente

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em Nova Délhi nesta terça, dia 27, que o século 21 significará o início de uma "nova era" para os países emergentes.

– Está começando uma nova era em que países emergentes estão ávidos para se consolidar como economias fortes e preocupadas com seus problemas sociais – disse Lula.

Para ele, as nações em desenvolvimento passariam a entrar na era comercial da ciência e tecnologia e não seriam conhecidas apenas como boas produtoras e exportadoras agrícolas e de matéria-prima. Segundo Lula, o comércio entre países do Hemisfério Sul é o novo caminho para que os países em desenvolvimento ganhem auto-estima, possam conquistar espaço na arena global como economias fortes e, ao mesmo tempo, resolver seus problemas sociais.

– Em comércio ninguém faz favor pra ninguém – observou Lula em um discurso improvisado durante um seminário com cerca de 200 empresários da Índia e do Brasil.

O encontro foi no luxuoso hotel Taj Mahal em Délhi, onde a comitiva presidencial está hospedada.

– Nós é que temos que ir à luta – afirmou.

Sem menosprezar a importância do comércio com as nações ricas, como os Estados Unidos e a Europa, Lula afirmou que as mais pobres devem se relacionar por meio de parcerias, "sem que nenhum país queira ter hegemonia sobre o outro". Ele aproveitou para cutucar os empresários brasileiros, dizendo que os indianos estão mais agressivos na busca por oportunidades de negócios, pois já abriram um escritório no Brasil para tal fim.

– Não dá para ficar chorando e cobrando investimentos que o Brasil não tem condições de fazer. Tem que ser criativo – alertou o presidente.

Ele voltou a salientar a relevância do G-3, grupo formado por Brasil, Índia e África do Sul, para redesenhar o quadro de forças do comércio global. Lula destacou a importância estratégica da futura troca comercial a ser feita com os indianos, com os quais o país assinou um tratado de preferências tarifárias no último domingo, além de acordos de cooperação nas áreas social, turística, tecnológica, científica, agrícola e cultural.

– Não podemos ser tratados como países de segunda categoria. As relações entre os países se dão pela boa-fé de seus governos e a criatividade de suas empresas ou vamos continuar chorando na OMC (Organização Mundial do Comércio) pelo fim de um subsídio que não vai acontecer – disse.

De acordo com o presidente, o comércio entre Brasil e Índia, de US$ 1 bilhão em 2003, não chega nem a 10% do potencial, podendo alcançar US$ 12 bilhões até 2010. Lula discursou mais amplamente sobre temas sociais em um outro seminário, pela manhã, sobre desenvolvimento sustentável. Ele falou da importância do crescimento econômico vir acompanhado de mais justiça social, para que a riqueza não seja distribuída apenas entre uma "pequena casta" da sociedade, em uma referência ao sistema milenar de classes hindu.

Durante a tarde (horário local), o presidente visitou uma exposição de artesanato brasileiro e participou do lançamento de dois livros de autores nacionais traduzidos para o hindu – um de Carlos Drummond de Andrade e outro de Cecília Meireles. À noite, haverá um jantar com autoridades. Na quarta pela manhã, ele vai para a cidade de Agra, onde depois de um vôo de 40 minutos visita o Taj Mahal com a primeira-dama Marisa Letícia.

Os eventos na Índia culminam à tarde com uma visita a Mubai, capital financeira da Índia, local em que o presidente falará a empresários. Dali, ruma a Genebra, na Suíça, e deve ter encontros com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan, com o presidente francês, Jacques Chirac, e com investidores brasileiros.

As informações são da agência Reuters.

 
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