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Kerry promete nova era de alianças na política externa dos EUA

Tônica do discurso do senador ainda são os ataques à administração Bush

John Kerry, pré-candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, vem apresentando uma visão sobre o papel dos EUA no cenário internacional bem diferente da do atual líder do país, George W. Bush. O senador, que lidera a corrida entre os pré-candidatos do Partido Democrata, acusa Bush de extremismo ao colocar em prática "a mais arrogante, inepta, imprudente e ideológica política externa da história moderna''.

Apesar de admitir que os EUA nunca abrirão mão de suas políticas de segurança em nome de outros países e que usarão a força quando necessário, Kerry prevê uma nova era de alianças porque mesmo a única superpotência da Terra não pode vencer sem a cooperação e a adesão de seus amigos e aliados.

Depois dos ataques de 11 de setembro de 2001 e da guerra contra o Iraque, a segurança nacional tornou-se o foco da campanha presidencial de 2004. Para alguns analistas, o pleito de novembro será vencido pelo candidato que melhor convencer os eleitores de que pode fazer dos EUA um país seguro e aquele que melhor desempenhar o papel de comandante-chefe da superpotência. O cenário é muito distinto ao de quatro anos atrás, quando as questões de política interna dominaram os debates presidenciais.

Kerry disse que o governo Bush, "contaminado pela superioridade do poderio norte-americano'', abandonou valores fundamentais como a crença na segurança coletiva, o respeito às instituições internacionais e às leis internacionais, a ação multilateral e o uso da força apenas como recurso último.

O senador prometeu retomar a diplomacia como ferramenta da política externa dos EUA, tratar a ONU como um "parceiro pleno'', renovar as negociações bilaterais com a Coréia do Norte e substituir a ação unilateral por uma ação de "segurança coletiva''. O pré-candidato também quer nomear um novo embaixador presidencial para reavivar o processo de paz no Oriente Médio e indicar um enviado especial para o mundo islâmico, que estaria encarregado de fortalecer o islamismo moderado.

Kerry, segundo Rand Beers, conselheiro de assuntos internacionais da campanha do senador, reconsideraria a decisão de Bush de preparar um sistema de defesa antimíssil e apresentaria um orçamento de defesa que seria diferente, mas não necessariamente menor.

O Partido Republicano, de Bush, costuma se sair melhor com os eleitores norte-americanos quando o tema é segurança nacional. Mas Kerry pretende reverter isso, apresentando-se como o veterano da Guerra do Vietnã que ingressou na política para protestar contra o conflito do qual tinha acabado de voltar. Durante sua carreira de 20 anos no Senado, Kerry deu destaque às questões de política externa e desempenhou um papel importante na retomada das relações diplomáticas com o governo vietnamita.

O senador votou contra o envio de soldados para a Guerra do Golfo (1991) e defendeu o cancelamento de grandes programas de armas como o dos mísseis Patriot e o dos caças F-15. No entanto, em 2002, Kerry votou a favor da guerra contra o Iraque e, nos anos anteriores, foi favorável à ação militar no Panamá, na Somália, em Kosovo e no Afeganistão.

Adversários do senador o acusam de ter duas caras por votar a favor da guerra no Iraque e, depois, criticar a forma como Bush a conduziu. Kerry rebate dizendo que Bush foi à guerra "apressado e quase sozinho''.

– Como é possível fazer o que o governo Bush fez: conquistar uma grande vitória militar e ainda assim enfraquecer os EUA? – critica.

Com informações da agência Reuters.

 
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