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O primeiro-ministro britânico Tony Blair está se esforçando para acabar com a polêmica sobre a espionagem britânica na Organização das Nações Unidas, mas o escândalo aumentou como uma bola de neve nesta sexta, dia 27, com funcionários da ONU denunciando grampos em seus telefones.
Blair tentou manter distância da acusação de espionagem, divulgada pela ex-ministra Clare Short, mas advertiu os críticos como ela de que correm o risco de derrubar o Partido Trabalhista do governo, se continuarem agindo assim. O assunto ganhou mais força com as declarações do ex-secretário-geral da ONU Boutros Boutros-Ghali e de dois ex-inspetores de armas da entidade, que acreditam ter sido alvo de espionagem.
– Já no primeiro dia em que entrei na minha sala me disseram: 'Cuidado, sua sala está sendo vigiada, sua casa está sendo vigiada' – disse Boutros Ghali à BBC. – É uma tradição que Estados-membros com capacidade técnica para espionagem façam isso sem pensar – afirmou.
A confusão diplomática começou depois que a ex-ministra Short afirmou que a Grã-Bretanha espionava os gabinetes do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, antes da guerra do Iraque. Ela estava no governo quando a Grã-Bretanha e os Estados Unidos lutavam pelo apoio da ONU à guerra.
As declarações frustraram os esforços de Blair para encerrar o assunto "guerra no Iraque'' e se concentrar na agenda doméstica antes das eleições gerais de 2005. O escândalo da espionagem ocupou as primeiras páginas dos principais jornais britânicos. Short, que pediu demissão depois da guerra, disse ter visto transcrições de conversas de Annan. O único comentário de Blair sobre o caso foi que os serviços de segurança britânico agem dentro das leis nacionais e internacionais.
Richard Butler, ex-inspetor-chefe de armas da ONU no Iraque, pôs mais lenha na fogueira. Ele disse que havia muitas evidências de que estava sendo constantemente monitorados.
– Tinha que ir a um café bem barulhento no subsolo da ONU ou então dar uma caminhada no Central Park para evitar os espiões – disse ele à rádio BBC. Seu sucessor, Hans Blix, também afirmou acreditar que seu telefone tenha sido grampeado, conforme informou a mídia australiana.
A popularidade de Blair despencou desde o fim da guerra no Iraque, principalmente com o fato de não terem sido encontradas as armas de destruição em massa, a principal justificativa para o ataque. A situação piorou com o suicídio do especialista em armas, David Kelly, depois de uma disputa entre a BBC e o governo. A estatal acusava Blair, em uma reportagem, de exagerar a ameaça representada pelo Iraque para fundamentar a necessidade da guerra.
Um longo inquérito absolveu Blair de qualquer responsabilidade pelo suicídio, mas sua imagem sofreu alguns danos importantes. Uma pesquisa da YouGov para o The Daily Telegraph desta sexta mostrou que a confiança pública continua sendo uma pedra no sapato de Blair. Questionadas se achavam que o governo havia sido honesto e confiável, 67%
das pessoas entrevistadas
disseram "Não'' e apenas 27% responderam "Sim.'' No entanto, a pesquisa indicou que Blair ainda é a melhor escolha para o cargo de primeiro-ministro, acima de todos os seus rivais políticos.
Com informações da agência Reuters.
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