A ex-ministra do governo britânico Clare Short disse nesta quinta, dia 26, que seu país espionou Kofi Annan, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), nos meses que antecederam a guerra do ano passado contra o Iraque. O primeiro-ministro Tony Blair não quis comentar o caso, mas afirmou que a ex-ministra estava prejudicando o serviço de inteligência inglês.

– Não vou comentar essas operações... e isto não deve ser entendido como uma indicação de que qualquer acusação particular é verdadeira –  disse Blair em uma entrevista. – Eu acho essas acusações profundamente irresponsáveis – disse.

A ONU declarou que qualquer operação deste tipo seria considerada ilegal.

– Isto não é totalmente surpreendente porque sempre suspeitamos disso – disse o vice-diretor do escritório da ONU em Bruxelas, Andreas Nicklisch.

A declaração aparece um dia depois de o governo ter enfrentado acusações contra uma tradutora que admitiu ter deixado vazar um memorando secreto dos EUA pedindo ajuda à Grã-Bretanha para espionar membros da ONU antes do conflito. Questionada sobre se agentes britânicos haviam recebido ordens para realizar operações dentro da organização internacional, Short respondeu:

– Sim, certamente.

A ex-ministra, que renunciou ao cargo depois da guerra, mas estava no governo quando os norte-americanos e os britânicos pediram autorização da ONU para atacar o Iraque, disse que o gabinete de Annan foi um dos alvos da ação.

Na quarta, dia 25, promotores ligados ao governo disseram não ter indícios suficientes para acusar a tradutora Katharine Gun de ter violado a Lei de Segredos Oficiais mesmo depois que ela confessou ter deixado vazar o documento. O informe secreto, segundo ela, revelava um plano dos EUA de espionar missões de outros países na ONU.

As informações são da agência Reuters.