O líder rebelde do Haiti que ajudou a tirar do poder o presidente Jean-Bertrand Aristide se proclamou chefe militar do país nesta terça, dia 2. Guy Philippe, falando em uma entrevista coletiva cercado por membros de seu grupo armado e da Polícia Nacional Haitiana, afirmou que respeitaria a autoridade do presidente em exercício, Boniface Alexandre.

– Sou o comandante da frente nacional de resistência, chefe militar – disse.

Questionado se tinha o controle de todas as forças de segurança do país, ele respondeu:

– No que diz respeito às forças militares e policiais, sim – afirmou.

Mais cedo, enquanto reforços militares dos Estados Unidos chegavam para liderar uma força internacional de manutenção de paz, Philippe, ex-chefe de polícia, dirigiu-se ao povo haitiano em uma rádio local.

– Precisamos que a população nos dê o mandato para oferecer a ela segurança. Uma vez que tenhamos o mandato, assumiremos nossa responsabilidade – declarou Philippe, cujos seguidores tomaram a sede da polícia na segunda-feira.

Ele pediu aos haitianos para que se manifestassem do lado de fora do palácio nacional, guardado pelos norte-americanos. Forças dos EUA policiam também o aeroporto e o posto da guarda costeira.

O ditador deposto Jean-Claude ``Baby Doc'' Duvalier declarou na noite de segunda-feira que quer voltar ao Haiti assim que possível. Em entrevista à televisão, Duvalier disse que havia solicitado um passaporte diplomático semanas atrás, embora não pretenda concorrer à Presidência.

Duvalier foi forçado a se exilar na França em fevereiro de 1986, encerrando uma brutal ditadura de três décadas iniciada por seu pai, François "Papa Doc'' Duvalier. O governo do Haiti, a nação mais pobre das Américas, afirma que o regime de Duvalier roubou US$ 500 milhões do Tesouro nacional.