| 10/03/2004 17h39min
Seguidores de Mohammed Abbas, o palestino que planejou o seqüestro do navio Achille Lauro em 1985, culparam os Estados Unidos e Israel nesta quarta, dia 10, pela morte do líder no Iraque. Abbas, 56 anos, tinha sido capturado pelas forças norte-americanas no país há um ano. As Forças Armadas nos EUA confirmaram sua morte. Segundo um oficial, ele morreu na terça-feira, de ataque cardíaco.
– Responsabilizamos os americanos por sua morte, por seu assassinato. Eles o colocaram numa cela de prisão, privado de sua liberdade, para morrer aos poucos. Sua detenção foi ilegal e as condições na prisão eram ruins – disse Omar Shebli, o número dois da Frente para a Libertação da Palestina (FLP), subordinado apenas a Abbas.
Ele também acusou o Mossad, serviço de inteligência israelense, de ajudar as forças dos EUA a "torturar" Abbas. O palestino teria mandado mensagens a seus seguidores dizendo que integrantes do Mossad haviam participado de interrogatórios. Abbas, também conhecido como "Abu Abbas", planejou o sequestro do navio de cruzeiro italiano Achille Lauro, em outubro de 1985.
Durante o seqüestro, o judeu norte-americano Leon Klinghoffer, de 69 anos, que usava uma cadeira de rodas, foi morto e jogado no mar. O líder da FLP não estava a bordo durante a ação, que deixou a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), de Yasser Arafat, numa posição desconfortável. Nos últimos 17 anos, Abbas se refugiou no Iraque, escapando das autoridades norte-americanas e italianas.
Abbas chegou a ser detido depois do seqüestro, mas foi liberado pela Itália. Mesmo assim, a Justiça italiana depois o condenou, à revelia, à prisão perpétua. Em 1990, Abbas voltou a deixar a OLP embaraçada quando planejou um ataque marítimo a Israel. O ataque foi frustrado, e os EUA interromperam o diálogo com a OLP.
– É uma justiça poética. Ele começou como terrorista no Iraque, foi punido numa prisão iraquiana sob controle dos EUA e vai ser enterrado no Iraque – disse Ra'anan Gissin, um importante assessor do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon.
Arafat lamentou a perda de Abbas, que chamou de "mártir". Depois da assinatura dos acordos de paz com Israel em 1993, Abbas renunciou à violência, e voltou aos territórios palestinos pela última vez há quatro anos, para uma visita rápida. As Forças Armadas dos EUA não revelaram o local da prisão onde ele morreu.
– As primeiras informações indicam que ele morreu de causas naturais. Os esforços da equipe médica para ressuscitá-lo foram inúteis. Uma autópsia será realizada – disse um comunicado.
Em Gaza, Shebli disse que Abbas, um fumante inveterado, nunca mencionou estar doente nas cartas que mandava quase semanalmente a amigos e líderes da FLP. Abbas nasceu perto de Haifa em 1948, mas cresceu num campo de refugiados palestinos perto de Damasco, já que sua família teve de se mudar com a criação de Israel. Estudou literatura árabe e inglês na Universidade de Damasco.
As informações são da agência Reuters.
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