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 | 28/03/2004 16h58min

Esquerda francesa derrota governistas em eleições regionais

Partido Socialista aproveitou descontentamento da população com corte de gastos do governo

A esquerda francesa derrotou os conservadores do governo nas eleições regionais deste domingo, dia 28, abrindo caminho para um rearranjo governamental e levantando dúvidas sobre o passo das reformas econômicas.

Pesquisas de boca-de-urna mostraram que o Partido Socialista e seus aliados, aproveitando o descontentamento com o corte de gastos do governo, ficaram com cerca de 50% dos votos; a centro-direita ganhou 37,5%, e a extrema direita, 12,5% no segundo turno das votações em 26 conselhos regionais.

A esquerda obteve vitória na maioria das regiões. Segundo as pesquisas, entre as regiões que votaram com a esquerda estão a de Île de France, da qual faz parte Paris, a de Poitou-Charentes, onde o premiê Jean-Pierre Raffarin fez seu nome e Auvergne, onde o ex-presidente Valery Giscard d'Estaing perdeu.

O UMP, partido de centro-direita do presidente Jacques Chirac, controlava 14 regiões desde a última eleição regional, em 1998, e a esquerda mantinha 11.

Chirac não está obrigado a agir por causa da eleição, vista como um teste de meio de mandato de suas políticas três anos antes da próxima eleição presidencial. Mas espera-se que, diante dos resultados, ele modifique o seu gabinete e nem mesmo o emprego de Raffarin está seguro.

A esquerda fez uma grande volta desde as eleições parlamentares de 2002, quando perdeu poder com 37% dos votos em comparação com os 43% da centro-direita. Agora, espera-se que ela use seus ganhos regionais como uma plataforma para a disputa presidencial e parlamentar, marcada para 2007.

Uma reforma de gabinete está sendo amplamente esperada desde que a esquerda ganhou 40% dos votos no primeiro turno das eleições, em 21 de março, em comparação com os 34% dos partidos de centro-direita e com os 17% da extrema direita.

Analistas políticos disseram antes do segundo turno que era provável que Raffarin, um aliado de Chirac, permanecesse no cargo, mas que uma derrota completa poderia acelerar sua saída do governo. Um índice obstinadamente alto de desemprego, uma reforma impopular do sistema de pensões estatais e a ameaça de cortes do caro sistema de seguro médico arruinaram os índices de Raffarin.

Nos últimos meses, professores, funcionários de hospitais, cientistas e bombeiros fizeram demonstrações contra as medidas do governo de cortar o déficit público e frear os gastos sociais. O governo prometeu prosseguir com as reformas e disse que poderia até mesmo acelerá-las para tentar dar um arranque na economia antes das eleições presidenciais de 2007.

Com informações da agência Reuters.


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