As imagens contrastantes das soldados norte-americanas Jessica Lynch e Lynndie England – a primeira retratada como vítima heróica, e a segunda como vilã depravada – simbolizam a mudança para pior da opinião dos norte-americanos sobre a guerra, dizem especialistas.

Entre o momento em que Lynch foi resgatada de um hospital iraquiano, em abril de 2003, e o que England apareceu em fotos na imprensa torturando presos em Abu Ghraib, no mês passado, a opinião pública foi da esperança ao ceticismo com relação à campanha no Iraque, dizem os estudiosos.

– Você não poderia escolher um melhor exemplo para ilustrar quanta diferença um ano faz – disse Robert Thompson, professor de mídia e cultura popular na Universidade Syracuse, de Nova York.

A soldado Lynch se feriu em um acidente de carro e foi resgatada dias depois por seus colegas de um hospital iraquiano, de onde saiu como heroína de guerra. Já England aparece em fotos sorrindo diante de uma pilha de prisioneiros e puxando um deles por uma coleira. As imagens das duas mulheres – ambas franzinas, joviais e de origem sulista – falam com veemência sobre os fatos no Iraque, afirma o professor.

– O caso de Jessica Lynch não era só sobre Jessica Lynch. Era sobre uma atitude e uma sensação de otimismo. Já Lynndie England traz uma coisa muito mais sinistra e maliciosa. Se um romancista escrevesse isso, não conseguiria metáforas melhores.

Junto com a mudança nas imagens, as pesquisas mostraram como a opinião das pessoas se alterou. Em março de 2003, só 27% dos norte-americanos não gostavam do que estava acontecendo no Iraque, de acordo com pesquisa da ABC News/Washington Post. Agora, são 57%. No mesmo período, a proporção dos que se consideram ''otimistas'' caiu de 80% para 62%, e os "orgulhosos" passaram de 53% para 41%.

As informações são da agência Reuters.