| 24/08/2004 03h22min
Responsáveis por algumas das imagens mais sórdidas da Guerra do Iraque, quatro militares dos EUA acusados de torturar iraquianos detidos na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá, começaram a enfrentar a Justiça.
O sargento Charles Graner e outros três militares americanos são acusados de humilhar sexualmente e, em alguns casos, de espancar prisioneiros iraquianos. Eles compareceram ontem a uma audiência preliminar da corte marcial em uma base dos EUA em Mannheim, no sudoeste da Alemanha.
As fotos de iraquianos nus submetidos a humilhações chocaram o mundo em abril. Guy Womack, advogado de Graner, o personagem que mais aparece nas imagens e que enfrenta mais acusações, fracassou na tentativa de evitar que a corte marcial reconheça como prova a série de fotos de abusos.
Um investigador militar citou os CDs encontrados no quarto de Graner em janeiro, que continham centenas de imagens dos maus-tratos. Os advogados de defesa disseram que as fotos foram tiradas sem o
consentimento do militar,
mas o juiz James Pohl não atendeu o pedido para retirar as fotos do julgamento.
Durante a audiência, Graner, 35 anos, recusou-se a dar detalhes sobre as fotos. O argumento dos advogados é de que o sargento e os demais guardas apenas cumpriam ordens - apesar de as imagens tiradas do laptop do policial militar demonstrarem que eles se divertiam ao torturar e humilhar os presos.
Os militares também pediram que a corte marcial seja transferida da capital do Iraque, alegando que no país árabe eles não teriam um julgamento justo. Os advogados alegam que, devido à enorme divulgação dos eventos em Abu Ghraib, seria quase impossível encontrar um júri imparcial entre os colegas de farda dos réus.
Graner compareceu diante do juiz americano com seu uniforme militar e respondeu a várias perguntas sobre seu trabalho na prisão, que chegava a quase 17 horas diárias.
- Trabalhávamos todos os dias. Meus companheiros de quarto tinham sido
feridos em explosões. Foi uma das épocas mais
estressantes - disse o réu.
Graner também é
acusado de adultério
O sargento é acusado de fotografar um prisioneiro como se estivesse sendo puxado por uma coleira pela soldado Lynndie England e de posar para uma outra foto ao lado de vários prisioneiros nus, empilhados uns sobre os outros. Ele também é acusado de forçar presos a tirarem a roupa e se masturbarem um na frente do outro, além de obrigar um preso a simular sexo oral com outro, antes de tirar as fotos.
Graner também é acusado de cometer adultério, uma infração contra a disciplina militar. Ele seria o pai do filho que Lynndie está esperando. Além de Graner, Megan Ambuhl e os sargentos Ivan Frederick e Javal Davis devem comparecer durante dois dias a audiências preliminares na base dos EUA em Mannheim.
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