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Seqüestradores ampliam prazo para libertar franceses no Iraque

Lei que proíbe uso de véu islâmico nas escolas da França causa polêmica

Os seqüestradores de dois jornalistas franceses no Iraque deram mais 24 horas para que o governo concorde com suas exigências e suspenda a proibição do uso do véu islâmico nas escolas públicas, informou a emissora de TV Al-Jazeera.

A emissora árabe exibiu uma gravação na qual os dois jornalistas pediam à população francesa que promovesse manifestações pela suspensão da lei contra o véu, ou do contrário, eles poderiam ser mortos.

O prazo inicial dos sequestradores, de 48 horas, expirou nesta segunda, dia 30.

– Peço ao presidente (Jacques) Chirac que retire a proibição aos véus imediatamente e apelo ao povo francês para que proteste contra a proibição do véu. É uma lei errada e injusta e nós podemos morrer a qualquer instante – disse o jornalista Christian Chesnot no vídeo, ao lado do colega George Malbrunot.

Nesta segunda, milhares de pessoas participaram de manifestações na França e o chanceler Michel Barnier visitou o Egito como parte de uma missão para atrair apoio no Iraque e na região. O ministro fez um inflamado apelo ao chamado Exército Islâmico no Iraque para que solte os jornalistas. Na semana passada, o mesmo grupo matou o jornalista italiano Enzo Baldoni.

– Vamos continuar, custe o que custar, a seguir todos os contatos com personalidades civis e religiosas para explicar a realidade da República Francesa e obter a libertação dessas pessoas – disse Barnier no Cairo.

A lei contra o véu foi adotada com base no princípio de separação entre Estado e religião na França. Grupos muçulmanos dentro e fora do Iraque pediram aos militantes que libertem os jornalistas, lembrando que a França se opôs à ocupação norte-americana do país e que os repórteres não são combatentes.

O incidente chocou a França, que se considerava relativamente a salvo de um ataque por ter sido contra a guerra no Iraque e as sanções econômicas impostas entre 1990 e 2003 ao país.

Chesnot, da Rádio França Internacional, e Malbrunot, que escreve para os jornais Le Figaro e Ouest France, desapareceram em 20 de agosto, quando iam de Bagdá para Najaf, um dia depois do seqüestro de Baldoni.

Barnier disse que o atentado é incompreensível, por ser a França "uma terra de tolerância e respeito pelos outros". O chanceler egípcio, Ahmed Aboul Gheit, também pediu a libertação da dupla.

Muitas muçulmanas usando véus participaram das manifestações na França. Cerca de 3 mil pessoas saíram às ruas em vários pontos de Paris. Em Estrasburgo, sede do Parlamento Europeu, foram 200 manifestantes.

– A crise dos reféns pode fazer a opinião pública na França se voltar contra as mulheres e meninas que usam véus – disse uma das manifestantes com a cabeça coberta, em frente à sede da Rádio França Internacional.

Mesmo grupos muçulmanos do Iraque demonstraram solidariedade com os franceses.

– A posição do Iraque na França é boa. Mas também somos contra o seqüestro de todos os jornalistas –  disse o xeque Abdel Sattar Abdel Jabbar, dirigente da Associação dos Clérigos Muçulmanos do Iraque. – Pedimos aos seqüestradores que os libertem imediatamente.

A Irmandade Islâmica do Egito, maior organização muçulmana do mundo árabe, e a Federação dos Jornalistas Árabes também reagiram ao seqüestro. A respeitada universidade islâmica Al Azhar, do Cairo, e o principal clérigo xiita do Líbano, Mohammed Hussein Fadlallah, condenaram a ação. A própria Al-Jazeera, que freqüentemente divulga imagens de reféns no Iraque, pediu por meio de um assessor a libertação dos franceses.

O chanceler (primeiro-ministro) alemão, Gerhard Schroeder, recomendou discrição nas negociações.

– Quando mais isso for tratado em público, menos chance há de que se resolva a crise – declarou.

Na França, até grupos que eram contra a lei se manifestaram por sua manutenção, entendendo que a revogação poderia representar uma vitória para os extremistas. A França aprovou a lei em março, para limitar a influência dos fundamentalistas islâmicos e as tensões entre muçulmanos e judeus nas escolas públicas. Outros símbolos religiosos, como solidéus judaicos e cruzes grandes, também foram vetados.

Líderes dos 5 milhões de muçulmanos da França negam qualquer vinculação com o Exército Islâmico no Iraque. Fouad Alaoui, secretário-geral de uma entidade que vinha aconselhando as alunas muçulmanas a desrespeitarem a lei, recomendou nesta segunda que elas desistam de usar o véu. O governo francês disse que não há hipótese de a lei ser revogada.

As infomrações são da agência Reuters.

 
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