| 05/02/2005 16h04min
O sigilo em torno da saúde do papa costumava ser tão rigoroso que era apenas através da notícia da morte de um pontífice que os católicos ficavam sabendo que ele estivera doente. João Paulo II quebrou esta regra ao tornar públicos os seus problemas de saúde e assumir sua luta contra o mal de Parkinson, a artrite e outras doenças.
Fazendo da necessidade uma virtude, o pontífice de 84 anos transformou suas exaustivas aparições públicas em sermões silenciosos sobre o significado do sofrimento humano e a necessidade que uma sociedade voltada para o respeito aos idosos. Este estilo aberto fica agora evidente à medida em que o papa se recupera de um problema respiratório. Poucas horas depois de ter sido internado no hospital, o Vaticano emitiu um boletim de saúde e passou a atualizar suas declarações diariamente.
A transparência surpreende observadores veteranos do Vaticano que se recordam do sigilo em torno da saúde do papa em pontificados passados.
– O Vaticano era comparável ao Kremlim em termos de sigilo naquele tempo – disse Ray Moseley, ex-correspondente do Chicago Tribune que cobriu a morte do papa João 23, em junho de 1963. – Nunca soubemos de fato qual fora o problema dele.
Uma reforma fundamental do Concílio do Vaticano mudou esta mentalidade fechada ao levar à Cúria mais padres de mentalidade aberta. O advento da televisão também ajudou a difundir as notícias sempre que um pontífice tem problemas.
A tentativa de assassinato do papa João Paulo em maio de 1981 foi transmitida ao vivo pela televisão. Nos anos 1990, quando o papa retirou um tumor no cólon e sofreu uma cirurgia no fêmur, o Vaticano emitiu boletins de saúde cautelosos que podiam estar envoltos em uma terminologia médica complicada, mas mesmo assim revelavam muito mais do que costumava ser admitido.
As informações são da agência Reuters.
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