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 | 08/03/2005 22h05min

Vítimas de atentados nos trens de Madri criticam políticos

Prepara de cerimônias para o dia 11 de março desagrada

Parentes das vítimas dos atentados de 11 de março de 2004 contra os trens de Madri acusaram nesta terça, dia 8, os políticos espanhóis de tentarem se beneficiar da tragédia e de não terem revelado toda a história por trás dos ataques. Pilar Manjón, líder de um grupo que representa as famílias dos 191 mortos naquele ataque, o pior da Al Qaeda na Europa, também criticou as cerimônias oficiais marcadas para a sexta.

– O que queremos saber é a verdade, e os representantes do povo não conseguiram nos dizer, um ano depois, o que nos levou a essa situação – disse ela, acrescentando que os partidos espanhóis estão mais preocupados em tirar vantagens políticas.

Também na terça, uma CPI criada para tratar dos atentados decidiu, após meses de audiências, adotar mais de 130 recomendações para que eles não se repitam. Mas o Partido Popular, que estava no poder na época e foi muito criticado por sua atuação, não deu apoio às recomendações, por considerá-las apressadas e incompletas. O PP também acusou o governo socialista de tentar acobertar a verdade no caso. No dia do atentado, o governo de então atribuiu os atentados ao grupo separatista basco ETA. Analistas dizem que esse fator foi fundamental para a derrota eleitoral do PP, três dias depois.

A Espanha pretende marcar o primeiro aniversário da tragédia com missas, um dia de luto e a inauguração de um memorial de madeira em Madri. Para Manjón, os planos para que todos os sinos de igrejas de Madri soem durante cinco minutos a partir das 7h39min de sexta (o período em que as bombas explodiram) não é "a coisa mais adequada". Os parentes das vítimas vêm se manifestando por cerimônias discretas, que não reavivem as dolorosas lembranças daquele dia.

– Que o barulho das bombas se transforme em ecos de silêncio, dignidade e respeito por aqueles que não têm mais voz – pediu Manjón, que perdeu um filho de 21 anos. Ela pretende viajar a Portugal na quarta, dia 9, para não acompanhar as cerimônias.

No caminho inverso, políticos, acadêmicos e autoridades de segurança de todo o mundo começaram a chegar a Madri na terça para uma reunião de três dias sobre o combate ao terrorismo. Há rígida segurança para o evento, que contará com figuras como o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan. A Organização do Tratado Atlântico (Otan) pretende monitorar o espaço aéreo espanhol com um avião especial nesta semana.

– Precisamos reagir à mentalidade totalitária dos terroristas com nossa paixão pela vida, pela liberdade, pela Justiça e pela democracia – disse o príncipe Felipe na abertura da Cúpula Internacional sobre Democracia, Terrorismo e Segurança.

A conferência, organizada pelo Clube de Madri, que reúne ex-governantes de todo o mundo, vai adotar a chamada Agenda de Madri, com propostas para combater o terrorismo. Seu conteúdo será divulgado na sexta, dia 11. A Espanha anunciou a prisão de outro suspeito do atentado, o que eleva para 75 o número de presos até agora, dos quais 33 já foram libertados. O Ministério do Interior disse que o suspeito recém-detido, o marroquino Jaouad El Bouzrouti, 21, colaborou com vários outros suspeitos. Também nesta terça, a Justiça belga autorizou a extradição de outro marroquino implicado no caso, Youssef Belhadj, para a Espanha.

As informações são da agência Reuters.

 
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