Uma estranha mistura de celebração e tristeza tomou conta da praça de São Pedro, na segunda, dia 4, quando milhares de pessoas ocuparam o local à  espera da chegada do corpo do papa João Paulo II.

Peregrinos de todos os cantos do mundo se sentaram nos paralelepípedos da praça, usando sombrinhas para se protegerem do sol do começo da primavera. Eles cantavam, comiam e falavam do Pontífice, que morreu no sábado. 

– É uma atmosfera incrível aqui, não podia ficar de fora – disse o turista californiano Jerry Delviet, 43 anos.                   

– É um paradoxo. Sentimos tristeza porque alguém da nossa família se foi, mas estamos felizes porque esperamos que ele esteja no céu – disse o padre Armando Benavides, que levou peregrinos da região da fronteira entre México e Estados Unidos à Itália.

Como eles, muitos dos presentes estavam na Itália por acaso quando o Papa morreu. Outros embarcaram para Roma assim que souberam da notícia, para participar do que uma espanhola chamou de "festa da vigília".

– Sinto que é um enorme privilégio estar aqui, mas parece que estou sendo anglo-saxã demais ao chegar tão cedo para pegar lugar junto à barreira – disse a canadense Robbie Satchel. 

O corpo do Papa deve ser transportado pela praça ainda na segunda, a caminho do velório na basílica de São Pedro, a maior de todas as igrejas católicas. Ele será recebido por bandeiras de todo o mundo que são agitadas junto  s barreiras, um testemunho para o papa que considerava seu dever fundamental visitar seu rebanho onde quer que estivesse.                                 

– O Papa foi a todos os nossos países para nos incentivar. O mínimo que poderíamos fazer é voltar a Roma para ele agora – disse Marisa Martinez, que viajou de Madri com duas amigas e espera ficar até o funeral, na sexta-feira.           

O Papa também ficará para a História por seu apelo junto aos jovens, alguns dos quais disseram que estão tentando seguir seus ensinamentos ajudando os outros na praça, distribuindo protetor solar e dividindo jornais com os quais improvisar chapéus.

– Mal posso esperar para vê-lo – disse o siciliano Vincenzo Guslisano.

Outros acham difícil olhar para o corpo sem vida do homem que durante tanto tempo e com tanto vigor liderou 1,1 bilhão de católicos no mundo.

– Quando eu ficar em frente a ele, sua pureza me mostrará todos os meus pecados – disse a dona-de-casa romana Liliana.

As informações são da agência Reuters.