A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recebeu nesta segunda uma nota do governo iraniano que anuncia a retomada de algumas atividades na usina de conversão de urânio de Isfahan, que fica no centro do país, disseram fontes diplomáticas em Viena.

– A notificação foi entregue – disse um diplomata à EFE na capital austríaca, onde fica a sede da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Na usina de Isfahan, lacrada e parada desde novembro do ano passado, se transforma o concentrado de urânio em um gás chamado hexafluoreto de urânio, que, em outro processo, se transforma em urânio enriquecido, material que tem aplicações tanto civis como militares.

O Irã, no entanto, disse que não pretende iniciar a segunda fase do processo, que é introduzir o gás resultante em centrífugas para convertê-lo em combustível apropriado para alimentar centrais nucleares, mas também em armamento atômico.

A suspensão de todas as atividades relacionadas ao enriquecimento de urânio foi estipulada entre o Irã e a chamada tríade européia, composta por Alemanha, França e Reino Unido, em novembro do ano passado.

O Conselho de Governadores da AIEA, o órgão executivo do organismo, também pediu em resoluções aprovadas no ano passado que o Irã não seguisse adiante com o enriquecimento de urânio, como uma medida para criar confiança.

Os europeus esperam convencer os iranianos a abandonar de forma definitiva o enriquecimento de urânio em troca de um amplo pacote de incentivos econômicos e políticos.

A notificação iraniana foi entregue ao organismo em Viena no mesmo dia em que Teerã estendeu em 24 horas o prazo concedido à UE para que entregasse a nova proposta destinada a resolver o debate que mantém com a comunidade internacional por seu controvertido programa nuclear.

O Irã insiste em pedir que a tríade entregue sua última proposta no mais tardar até hoje de tarde, embora tenha acrescentado que iniciará algumas atividades em Isfahan de qualquer forma.

O enriquecimento de urânio é uma atividade legal sob o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP), mas devido ao fato de que esse material tem aplicações tanto civis como militares é considerado a parte mais sensível do ciclo de combustível atômico.

Os EUA acusam o Irã de estar desenvolvendo em segredo um programa nuclear militar, algo que Teerã nega alegando que suas atividades atômicas só têm fins pacíficos como a geração de energia elétrica.

As informações são da agência EFE.