| 10/06/2005 11h48min
O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei, ganhou apoio dos EUA em seu terceiro mandato, mas agora depara-se com o um desafio maior: o de lidar com o programa nuclear do Irã, suspeito de ter fins militares.
Por mais de um ano, os EUA tentaram tirar El Baradei, 62, de seu cargo. Porém, o país desistiu dessa campanha oficialmente na quinta, dia 9, quando o Departamento de Estado norte-americano prometeu dar apoio ao advogado e diplomata que comanda a AIEA.
Isso significa que El Baradei possui o respaldo de todos os 35 países que integram o conselho diretor da agência. Esses países reúnem-se na próxima semana para aprovar a permanência do chefe da AIEA por um terceiro mandato e discutir o mais recente relatório a respeito do programa nuclear do Irã.
Lidar com os iranianos pode ser mais difícil que enfrentar o governo norte-americano que entrou repetidamente em conflito com a ONU. Primeiro houve conflito pela recusa da entidade em apoiar as acusações dos EUA de que o Iraque pré-guerra tinha armas de destruição em massa e depois devido ao ambíguo programa nuclear iraniano.
Algumas autoridades dos EUA acusaram El Baradei de ser brando demais com o Irã e de minar os esforços norte-americanos para denunciar o país islâmico ao Conselho de Segurança da Organização da ONU. Porém, de acordo com alguns diplomatas europeus e especialistas em armas, El Baradei pode ser qualquer coisa, menos brando:
– Mohamed sempre favoreceu uma solução diplomática com o Irã, que é um acordo entre o país e a União Européia – disse Gary Samore, especialista em controle de armas no Instituto Nacional de Estudos Estratégicos em Londres.
El Baradei não encontrou nenhuma prova concreta de que o Irã deseja construir armas nucleares, como acusam os EUA. Segundo Samore, de toda forma, há muitas perguntas ainda em aberto a respeito do programa iraniano.
– Se ele encerrar o assunto agora, os iranianos dirão que não há mais nenhuma razão para suspender seu programa de enriquecimento de urânio e eu não acho que Mohamed fará algo parecido com isso– disse Samore, que foi conselheiro do ex-presidente norte-americano Bill Clinton.
As três maiores potências da UE (França, Grã-Bretanha e Alemanha) compartilham as suspeitas norte-americanas e desejam que o país islâmico abandone seus esforços para dominar a tecnologia de enriquecimento de urânio, processo usado para purificar o urânio e usá-lo como combustível para usinas nucleares ou armas.
O Irã, que diz desejar apenas produzir energia elétrica com seu programa nuclear, congelou temporariamente as atividades relacionadas com o enriquecimento de urânio. O governo iraniano, porém, descartou a proposta do trio da UE que ofereceu incentivos apoiados por Washington, caso decidisse desmantelar suas unidades de enriquecimento. Teerã anunciou que manterá a suspensão somente até o fim de julho, quando os três países europeus prometeram entregar uma oferta detalhada dos incentivos para o país islâmico
El Baradei pediu uma moratória global no enriquecimento de urânio, mas poucos países que detém a tecnologia (como Irã e EUA) apóiam essa idéia. Os iranianos afirmam que o enriquecimento é um direito de soberania que jamais abandonará.
As informações são da agência Reuters.
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