Preocupada com a maneira com que a torcida organizada Geral do Grêmio, a antiga Alma Castelhana, comemora os gols do time, a direção adotará medidas para evitar uma tragédia nas arquibancadas do Estádio Olímpico. O principal temor é de que a tradicional corrida de alto a baixo das arquibancadas, conhecida como avalanche, termine com alguém pisoteado ou com o desabamento do muro que separa a geral do fosso.

Cada vez mais numerosa, a Geral atualmente se concentra atrás da goleira da Avenida Cascatinha. Ocupa uma área com 60 metros de comprimento, espalhando-se por 32 degraus. Havia dois mil torcedores no local na partida deste sábado contra o Avaí. O visual é bonito e anima os jogadores dentro de campo.

– Um espetáculo – como define o atacante Ricardinho.

O problema é a imprudência dos integrantes mais entusiasmados. Eles ficam de pé, sobre a mureta de cimento que separa a arquibancada do fosso. Para se manterem equilibrados, prendem os dois pés nas armações de ferro maciço, chamadas de goleirinhas, instaladas para elevar o peitoril da mureta, uma exigência da Brigada Militar. A cada gol, os demais torcedores descem correndo os degraus e os pressionam.

Os apelos feitos no placar eletrônico durante as partidas e também no site do clube para que ninguém suba na mureta são ignorados. Para o jogo contra o Santa Cruz, sábado, o alerta será reforçado com a distribuição de panfletos.

– É uma brincadeira que pode machucar – alerta o arquiteto Cesar Fontanari, ligado à vice-presidência de patrimônio do Grêmio, pedindo moderação aos componentes da Geral.

A pressão exercida pelos torcedores sobre a estrutura da mureta também inquieta os dirigentes. Conforme cálculos de Fontanari, a pressão é pelo menos 10 vezes maior do que a suportável. Para diminuir os riscos, tubos metálicos removíveis vêm servindo de escora para o muro desde a partida contra o Vila Nova, dia 26 de agosto. Mas, desde sábado, é possível ver rachaduras no muro, provocadas por torcedores que tentaram arrancar as armações de ferro maciço.

ZERO HORA