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 | 18/02/2006 15h20min

Desenhista diz não lamentar publicação das caricaturas

Jornal escocês teria entrevistado um dos 12 chargistas escondidos

Um dos cartunistas cujos desenhos do profeta Maomé causaram fúria no mundo muçulmano disse que não se arrepende pela publicação das imagens, em que retrata o profeta do Islã com um turbante-bomba. O jornal escocês Herald entrevistou o caricaturista dinamarquês Kurt Westergaard, que está escondido, através de um intermediário.

No entanto, Mogens Blicher Bjerregaard, porta-voz dos desenhistas das caricaturas publicadas no diário Jyllands-Posten, da Dinamarca, declarou que não tem conhecimento da entrevista e que não colocou jornalistas em contato com os artistas por razões de segurança.

Ontem, um clérigo paquistanês anunciou uma recompensa de US$ 1 milhão pela cabeça do autor das charges. Ao que tudo indica, o clérigo não identificou o artista, e parecia não saber que 12 pessoas trabalharam na elaboração do desenho.

O Herald, de Glasgow, afirma que Westergaard declarou que não havia antecipado o furor que as caricaturas gerariam.

Pelo menos 29 pessoas morreram em protestos em todo o mundo muçulmano, 10 delas na Líbia.

Perguntado se lamentava ter publicado os desenhos, Westergaard teria respondido que não.

Na entrevista, o cartunista manifestou também que a inspiração para as caricaturas foi o terrorismo, que se alimenta espiritualmente do islã. O jornal citou o cartunista manifestando-se a favor da liberdade de expressão dos desenhistas.

Ao ser indagado se acreditava que sua vida voltaria a normalidade, declarou:

– Por enquanto tenho que tomar todo o cuidado, mas confio no PET (o serviço de inteligência da Dinamarca).

Por último, o jornal questiona se aprendeu alguma lição do episódio, ao que Westergaard responde:

– O mundo é um lugar perigoso, mas que opções temos?. E cita uma frase do ex-presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy: "Não devemos negociar a partir do medo, como também não devemos permitir que o medo nos impeça de negociar".

Conforme a Globo News, manifestantes muçulmanos declararam hoje que a falta de punição ao jornal e ao desenhista, por parte das autoridades dinamarquesas, pode resultar em um boicote global aos produtos oriundos do país.

AGÊNCIA AP E AGÊNCIA EFE
 
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