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 | 19/04/2002 18h30min

País terá feriado bancário a partir de segunda-feira

Governo prepara novo pacote econômico

A Argentina terá feriado bancário a partir da próxima segunda-feira, dia 22, por tempo indeterminado. A intenção do governo é conter a saída de recursos dos bancos ocasionadas por  decisões judiciais que estariam autorizando saques, apesar do "corralito" ainda vigorar. O dólar fechou esta sexta-feira, dia 19, cotado a 3,15 pesos para venda – alta de 8% em relação ao fechamento de quinta-feira.

O novo pacote econômico argentino – Plano Bonex – deve ser anunciado na próxima semana. As novas medidas devem obrigar os proprietários de prazos fixos retidos no "corralito" a trocar os depósitos por bônus. Estes títulos seriam em dólares e pesos, e resgatáveis em 10 (haveria dois bônus com este prazo) e 5 anos, respectivamente.

Analistas do mercado financeiro consideram o plano um mal necessário. Segundo Arturo Porzecanksy, economista-chefe de mercados emergentes do ABN Amro Bank em Nova York, alguns bancos argentinos "vão se tornar menores, outros farão fusões, ou serão vendidos e fechados, porque as pessoas preferem ter dinheiro na bolsa, num cofre ou fora do país".

O governo argentino também espera ainda definição do Fundo Monetário Internacional (FMI). O ministro da Economia, Jorge Remes Lenicov, se reuniu com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, em Washington, para explicar a nova medida e conquistar o apoio norte-americano. O governo tenta obter pelo menos US$ 9 bilhões do FMI. O Fundo impôs exigências como a diminuição de gastos públicos nas províncias.

Na contramão dessa medida, o porta-voz Amadeo disse que o governo não aceitará demitir servidores públicos para a redução do déficit fiscal. O desemprego, segundo dados oficiais, atinge 18,3% da população economicamente ativa no país. Estima-se que 14 milhões do total de 37 milhões são considerados pobres. O país está em recessão há 46 meses.

Hugo Moyano, secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho Combativa, anunciou ontem a primeira marcha contra as medidas econômicas do governo de Eduardo Duhalde e contra o FMI, marcada inicialmente para o dia 30. Na província de San Juan, trabalhadores tomaram prédios públicos em protesto contra salários atrasados na administração pública.

 
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