Assombrada pelo favoritismo de Anthony Garotinho nas últimas pesquisas, a ala governista do PMDB joga contra a prévia que escolherá um candidato do partido à Presidência. Em sintonia com o Planalto, duas frentes foram abertas nos últimos dias: uma articulação envolvendo o apoio de governadores peemedebistas e a ameaça de ações na Justiça. Se fracassarem, ainda poderão apelar para um último recurso: evitar que a convenção oficialize a candidatura própria em junho.

– A prévia é um jogo de cartas marcadas para favorecer Garotinho. Só não vê quem não quer – reclama um interlocutor do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Renan nunca escondeu a insatisfação com a decisão do PMDB de marcar a prévia para o dia 19. Mas resistia a esperança de contar com a candidatura do governador licenciado Germano Rigotto como antídoto à força de Garotinho, ou quem sabe o surgimento de uma terceira.

A duas semanas da prévia, o desempenho de Rigotto nas últimas pesquisas alarmou os governistas. Convencidos de que o gaúcho não tem fôlego para uma surpresa de última hora, Calheiros e o senador José Sarney (AP) se reuniram com Lula antes do Carnaval. O tom da conversa foi de cobrança.

Os dois teriam pedido ao presidente que o Planalto se empenhasse mais na luta contra a prévia, fortalecendo a tese daqueles que defendem a composição com Lula. Força que poderia ser traduzida em mais cargos. Pastas de prestígio, como os Transportes, interessam aos governistas do PMDB.

Como parte da estratégia de barrar a prévia, Lula tem se reunido com governadores do PMDB para combinar palanques regionais e, quem sabe, um apoio nesta queda-de-braço. O governador Marcelo Miranda (TO) já conversou com o presidente. O próximo é Roberto Requião (PR), que, por interesses locais, pode se aproximar de Lula. Nos Estados, onde os governadores mantêm força política, a aposta é de suporte para esvaziar a prévia ou derrubar a candidatura na convenção.