A redução do consumo de frango nos mercados internacionais por causa da gripe aviária fez o preço do quilo do produto despencar no Rio Grande do Sul. A ave congelada, vendida por até R$ 2,80 o quilo antes da doença, hoje pode ser encontrada nos supermercados por R$ 1,49 o quilo, quase a metade do preço. O valor está muito próximo do preço da banana, que chega a custar até mais de R$ 2, dependendo do tipo e do local.

A redução nas etiquetas, no entanto, não deve persistir por muito tempo. Conforme o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, os produtores gaúchos – que sofreram com o cancelamento das exportações para a Europa – estão negociando a carne excedente com o mercado chinês. Por isso, o consumidor está tendo dificuldade de encontrar o produto congelado em alguns locais.

– O preço tende a voltar ao patamar de antes – avisa.

Longo afirma que a alta do preço deve ser estimulada também pelo provável aumento no valor da carne bovina:

– A Argentina não está exportando carne de gado. Isso faz com que o Brasil venda mais para fora, encarecendo o produto. O resultado é um consumo maior de frango. O processo ajuda a estabilizar o preço do frango.

O presidente da Associação Gaúcha da Avicultura (Asgav), Aristides Vogt, acrescenta que, passada a surpresa dos cancelamentos de contratos, as empresas agora já estão se preparando para reduzir a produção. Segundo o dirigente, o ajuste vai gerar menos oferta e equilibrar os preços.

Enquanto as etiquetas não são remarcadas novamente – dessa vez para cima – o gerente de um supermercado em Porto Alegre de uma grande rede multinacional adianta que as promoções não acabaram:

– Vamos receber estoques na terça-feira a R$ 1,49 o quilo.

O preço, porém, é R$ 0,50 mais alto do que o ofertado no Rio de Janeiro, no último sábado, quando as lojas do Grupo Pão de Açúcar (Extra, Pão de Açúcar e Sendas) venderam o quilo da ave congelada por R$ 0,99. Essa ação, conforme Longo e Vogt, não deve se repetir no Estado.

– Lá foi um ato isolado, uma marca que já estava no porto não pôde embarcar – explica Longo, referindo-se às 2 mil toneladas de aves congeladas de um grande frigorífico armazenadas em um navio que deveria seguir com destino à Europa.

A gripe aviária já custou US$ 10 bilhões (cerca de R$ 21,3 bilhões) às economias dos vários continentes afetados. O efeito atinge a renda de cerca de 300 milhões de pessoas que vivem no campo, conforme estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).