| 16/07/2002 17h07min
A embaixada do Paraguai no Brasil divulgou nesta terça-feira, 16 de julho, a transcrição de uma fita cassete que comprovaria a participação do ex-general Lino Oviedo em complô contra o presidente paraguaio Luis González Macchi. Na gravação, o ex-general combinaria com um homem uma operação com a participação de 25 mil pessoas. O embaixador Luiz Gonzáles exige que Oviedo seja expulso do Brasil.
Nesta terça-feira, o secretário-executivo de Oviedo, Draulio Rasera, negou qualquer envolvimento do ex-general com os protestos que ocorrem desde esta segunda-feira no Paraguai. Militantes saíram às ruas para pedir a renúncia de Macchi, a antecipação das eleições presidencias e a volta de Oviedo ao país. Rasera desmentiu o boato de que Oviedo teria ido a Foz do Iguaçu e prometeu ao chefe do Deparmento de Estrangeiro, Luís Paulo Barreto, que nesta quarta-feira, dia 17, o general se apresentará ao Ministério da Justiça brasileiro.
Nesta terça-feira, foram registrados choques esporádicos em algumas rodovias do Paraguai. O país está sob regime de exceção pelo período de cinco dias – contados desde segunda, quando Macchi assinou o decreto. Na segunda-feira, confrontos entre manifestantes e forças da polícia e do Exército deixaram dois mortos, mais de cem feridos e 250 detidos.
Machi chegou ao governo do Paraguai em 1999, quando presidia o Senado, depois da renúncia de Raúl Cubas Grau, então presidente. Em 23 de março daquele ano, um comando disfarçado com roupas militares assassinou o vice-presidente Luís María Argaña, em Assunção. Cubas e seu padrinho político, Lino Oviedo, foram acusados de serem os mandantes do crime. Cubas renunciou em 28 de março, asilando-se no Brasil, enquanto Oviedo foi para a Argentina.
Antes de chegar à Presidência, Macchi integrava o setor dissidente do Partido Colorado, que era liderado por Argaña. Os dois eram inimigos jurados de Cubas e de Oviedo. Em suas funções parlamentares, presidiu o julgamento político de Cubas Grau e determinou que o presidente voltasse a prender Oviedo, acusado de liderar uma tentativa de golpe em 1996 contra o então presidente Juan Carlos Wasmosy. Até assumir a presidência do Senado, em julho de 1998, Macchi era conhecido sobretudo nos círculos políticos por ser filho de Saúl González, ex-ministro da Justiça da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989).
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