| 25/08/2002 17h25min
O presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, e o ministro da Fazenda, Pedro Malan, viajaram neste domingo, 25 de agosto, à Nova York para se encontrar nesta segunda com representantes de bancos privados norte-americanos, europeus e asiáticos. O objetivo é convencer os bancos a reabrirem as linhas de crédito comercial ao Brasil, além de obter mensagem de apoio mais amplo à economia do país.
Na reunião, Fraga e Malan vão expor a situação da economia brasileira. A equipe econômica pretende ressaltar a melhoria na balança comercial na tentativa de virar o jogo para o Brasil. A avaliação é de que um saldo comercial robusto neste ano, superior às previsões iniciais, seja um fator decisivo para reverter as expectativas desfavoráveis dos investidores estrangeiros.
Na última quinta-feira, o governo reviu a projeção de superávit comercial de US$ 6 bilhões para US$ 7 bilhões. No ano, o saldo acumulado é de US$ 4,634 bilhões. A meta será mostrar que o resultado comercial está dando uma contribuição fundamental para o ajuste das contas externas. Com a redução do déficit nas transações do Brasil com o Exterior, diminui a necessidade de o país ter que atrair dólares para financiar suas despesas. Nesse momento de crise, fica em segundo plano o fato de o superávit comercial ser assegurado pela redução das importações do que por uma melhora das exportações.
Além disso, Malan e Fraga poderão enfatizar na conversa com os banqueiros que os candidatos à Presidência se comprometeram a respeitar itens econômicos considerados fundamentais, como estabilidade da moeda, respeito a contratos e responsabilidade fiscal. Em outubro do ano passado, quando a economia brasileira passava por um momento delicado em meio aos efeitos do racionamento de energia, alta do dólar, aumento da inflação, diminuição da atividade econômica e agravamento da crise na Argentina, a elevação do superávit da balança comercial, a partir do segundo semestre, foi o principal fator responsável pela melhoria das expectativas em relação ao Brasil, que marcaram dezembro de 2001 e início desse ano.
Porém, a equipe deverá enfrentar resistências. A reunião está próxima de setembro, quando os bancos apresentam relatórios trimestrais aos acionistas. Em caso de aumento imediato das linhas de crédito, o crescimento da exposição ao risco aparecerá já em setembro. O encontro em Nova York será na sede do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, que cedeu o local. O governo brasileiro redigiu uma lista de bancos convidados e duas instituições, o Citigroup e o Deutsche Bank, organizaram a reunião. Além de Malan, Fraga e representantes dos bancos privados, vão participar integrantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial (Bird) e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
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