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 | 09/09/2002 10h44min

Chirac condiciona ataque ao Iraque a votação da ONU

O presidente francês, Jacques Chirac, disse em uma entrevista publicada na segunda-feira, dia 9, que gostaria de ver um novo regime no Iraque, mas é contra uma ação militar para derrubar Saddam Hussein sem a aprovação da ONU.

– Nem preciso dizer que condeno o regime do Iraque, naturalmente, por todas as razões que conhecemos – disse Chirac ao jornal The New York Times. – Mas alguns princípios e um pouco de ordem são necessários para dirigir os assuntos mundiais. Se formos nesse caminho, para onde estamos indo? Sou totalmente contra o unilateralismo no mundo moderno.

O presidente norte-americano, George W. Bush, acusa o Iraque de fabricar armas de destruição em massa e está buscando na Organização das Nações Unidas (ONU) o apoio dos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança (inclusive a França) para iniciar uma guerra. Em vez disso, Chirac propôs que o Conselho dê a Saddam um ultimato de três semanas para permitir a volta dos inspetores de armas da ONU, sem restrições ou pré-condições.

Os inspetores deixaram o Iraque em 1998 reclamando da falta de colaboração do governo local. Desde então, foram proibidos de voltar. Chirac disse que, se Saddam não cumprir um ultimato, o conselho de segurança deve aprovar uma nova resolução, autorizando o uso da força militar. Ele frisou que, até agora, a comunidade internacional não tem provas de que o Iraque realmente fabrica armas químicas, biológicas ou nucleares.

O presidente francês, que não se comprometeu a enviar soldados à eventual guerra, considerou "extremamente perigosa'' a proposta lançada pelo governo Bush de fazer um ataque preventivo que esvazie a ameaça supostamente representada por Saddam.

Na análise do jornal, Chirac ofereceu uma opinião matizada, mais próxima de Washington do que a Alemanha, que já se declarou contrária à "aventura'' militar norte-americana no Iraque. Chirac, que no sábado se reuniu com o chanceler alemão, Gerhard Schroeder, disse que, na atual situação, Bush está sozinho ao lado do britânico Tony Blair, "com todos os outros do outro lado". Ele afirmou que a França continua sendo aliada dos EUA, mas que "na vida não se deve confundir amigos com bajuladores. É melhor ter só alguns poucos amigos do que muitos aduladores. Quando temos que dizer algo, dizemos''. As informações são da agência Reuters.

 
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