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A decisão iraquiana de permitir o retorno incondicional ao país dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU) não sensibilizou o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, mas teve o poder de dividir o Conselho de Segurança da entidade.
Além dos EUA, a Grã-Bretanha mostrou desconfiança em relação à súbita iniciativa do presidente iraquiano, Saddam Hussein, de acatar as exigências da ONU. Contudo, os outros membros permanentes do conselho (Rússia, China e França) acolheram bem o compromisso de Bagdá.
Esta divisão indica que os EUA enfrentarão obstáculos para impor sua vontade à ONU. Irredutível, Bush continuava nesta terça-feira, 17 de setembro, a ignorar o comunicado do Iraque, entregue na segunda-feira ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, e voltou a dizer que a organização deve agir contra Saddam.
– Não devemos e não vamos deixar que os piores líderes mundiais chantageiem os EUA e nossos amigos e aliados ou nos ameacem com as piores armas do mundo – afirmou Bush.
Saddam expulsou os inspetores da ONU em 1998, aumentando as suspeitas americanas de que produz armas de destruição em massa. E o desarmamento do país é uma das condições-chave exigidas para acabar com sanções impostas pela ONU quando Bagdá invadiu o Kuwait, em agosto de 1990.
Em um golpe contra os esforços dos Estados Unidos de conseguir uma ação mais dura da ONU contra o Iraque, a Rússia – tradicional aliada de Bagdá – foi incisiva e disse nesta terça não ver motivo para o conselho atender ao pedido de Bush e adotar uma nova resolução especial dando ao Iraque um prazo para se desarmar. A chancelaria da França afirmou que a comunidade internacional deveria pôr à prova as promessas do Iraque, enviando rapidamente os especialistas em armas.
Enquanto o conselho discute que posição adotar, o Departamento de Defesa dos EUA continuava colocando em prática um plano para um possível ataque ao Iraque e analisava com a Grã-Bretanha a possibilidade de enviar à Ilha de Diego Garcia, possessão britânica no Oceano Índico, seis aviões B-2, invisiveis aos radares. Além disso, parte do Comando Central dos EUA iria para o Catar em novembro.
Seriam 600 oficiais de alta patente e 400 soldados de apoio, que trabalham na Flórida. Eles comandariam exercícios militares no Oriente Médio.
– As palavras de Saddam não devem ser levadas a sério. Se suas palavras tivessem algum significado, ele já teria se desarmado há muito tempo. Agora não é hora de reduzir a pressão sobre o Iraque – argumentou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, tentando justificar a mobilização americana.
O chefe dos inspetores de armas da ONU, Hans Blix, reuniu-se nesta terça-feira, 17 de setembro, com especialistas iraquianos para discutir os detalhes do retorno de sua equipe a Bagdá. Blix tem uma equipe de 63 pessoas em Nova York. Algumas delas poderiam ir para Bagdá rapidamente para analisar o estado dos programas de desenvolvimento de armas químicas, nucleares e biológicas do Iraque. Cerca de 200 especialistas de 44 países estão em alerta e podem ser levados à capital iraquiana rapidamente.
Bush não acredita na inciativa do governo de Bagdá de permitir a volta dos inspetores da ONU
Foto:
Win McNamee
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Reuters
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