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 | 29/10/2002 09h49min

Gás letal usado na Rússia pode ser à base de ópio

A Rússia começou na terça-feira, dia 29, a enterrar as primeiras vítimas da tragédia do cerco ao teatro de Moscou, enquanto era revelado que o gás que matou 115 reféns era à base de ópio. Um partido pediu a abertura de um inquérito para apurar como os guerrilheiros chechenos fortemente armados conseguiram chegar tão facilmente à capital russa e ocupar um teatro lotado a poucos quilômetros do Kremlin.

Sob garoa e céu encoberto, várias famílias começaram a enterrar os reféns que morreram quando o Exército invadiu o teatro. Ainda há mais de 300 pessoas internadas em hospitais, das quais 16 em estado grave, e os médicos reclamam que, ao não revelar o gás usado na invasão, o governo está impedindo que as vítimas tenham acesso a antídotos. Especialistas ocidentais acham que o gás usado foi o BZ, que atinge o sistema nervoso, mas um funcionário da embaixada norte-americana em Moscou disse que alguns médicos que examinaram os sobreviventes suspeitam que o gás tenha sido um opiáceo.

As autoridades russas disseram que recorreram ao gás para matar rapidamente os guerrilheiros, que ameaçavam explodir o teatro se ele fosse invadido. Os Estados Unidos, apesar de apoiarem a invasão, pressionam a Rússia a revelar que gás foi usado. O partido União das Forças Direitistas (SPS) pediu a criação de uma CPI para investigar eventuais erros cometidos na operação. A agência de segurança interna FSP negou na terça-feira que um policial suspeito de ter ajudado a guerrilha esteja preso, como divulgou o jornal Izvestia.

O presidente Vladimir Putin, que não fez referência à polêmica sobre o gás, disse que a Rússia não fará acordo com terroristas e não "cederá às chantagens''. Ele prometeu agir de maneira "apropriada'' às ameaças de uso de armas de destruição em massa contra a Rússia. Líderes moderados da Chechênia, uma região separatista de maioria muçulmana, condenaram o sequestro no teatro e pediram a retomada do diálogo com o governo. Eles alertaram que novos ataques podem acontecer. As informações são da agência Reuters.

 
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