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O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) reafirmou sua disposição de parceria e diálogo com o futuro governo de Luiz Inácio Lula da Silva em busca do avanço pela reforma agrária, mas sem abrir mão das ocupações de terra.
– Queremos ser parceiros, mantendo a autonomia que temos em relação ao governo. Mas sempre contribuindo para, em primeiro lugar, resolver o problema da fome e construir um novo modelo de desenvolvimento da agricultura – disse nesta quinta, dia 7, o coordenador do MST, Gilmar Mauro, após reunião em São Paulo com o presidente do PT, o deputado José Dirceu.
O coordenador-executivo do Projeto Fome Zero e membro da equipe de transição, José Graziano da Silva, aproveitou a reunião para convidar o MST a ajudar na participação no programa, uma das prioridades do presidente-eleito.
– O MST pode contribuir ajudando na distribuição das cestas básicas e fazendo uma avaliação da situação nos acampamentos, além de fiscalizar a distribuição – disse Graziano.
Ele disse ainda que está sendo estudada a produção de uma outra cartilha sobre o Fome Zero em parceira com o MST para um melhor entendimento aos trabalhadores do campo.
O coordenador do MST acrescentou que será feito um diagnóstico mais preciso da situação dos sem-terra para a cooperação nos combates à fome e à miséria.
– Devemos entender que o inimigo não está no governo, mas no latifúndio, por isso temos de cooperar com fiscalização e na avaliação emergencial dos assentamentos – disse Mauro.
Dirceu elogiou a conduta dos sem-terra para mobilizar a sociedade em torno do Fome Zero:
– O MST pode jogar um papel de forte incidência no voluntariado para ajudar no programa, porque não há ninguém melhor do que o MST em mobilização civil.
O MST quer ter um papel também no pacto social que está sendo costurado por Lula, mas os dirigentes sem-terra disseram que não têm como fazer muitas concessões.
– Não vamos abrir mão dos nossos objetivos, são eles que dão sustentação ao movimento e foram eles que nos fizeram criar o MST – disse Mauro. Para isso, ele descartou a hipótese de trégua nas ocupações de terras durante o futuro governo Lula.
– Acho que não é o caso em um primeiro momento. A ocupação pode até acontecer, mas vai ser para aprofundar a reforma agrária – disse o coordenador do MST, lembrando que o importante é criar um diálogo para que o tema avance.
O MST não foi convidado para participar do encontro que reuniu mais de 100 representantes de vários setores da sociedade civil para discutir o pacto social nesta quinta-feira, mas Lula reafirmou que uma das prioridades do governo é a reforma agrária.
– Se tivermos um governo que priorize as desapropriações e um projeto de desenvolvimento da agricultura, não temos dúvida que a reforma agrária vai avançar significativamente e vamos diminuir os conflitos – afirmou o presidente eleito.
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