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Soldados de Chávez ocupam distribuidoras de gasolina

População começa a temer desabastecimento em decorrência de greve

Soldados da Guarda Nacional ocuparam nesta segunda, dia 9, centros de distribuição de gasolina da Venezuela sob ordens do governo para agir contra a greve da oposição que paralisou as operações de petróleo no quinto maior exportador do produto do mundo.

A greve, iniciada no dia 2 de dezembro para forçar o presidente esquerdista Hugo Chávez a convocar eleições antecipadas, interrompeu as operações de refinarias, cortou pela metade a produção de petróleo e provocou a parada total das exportações do produto – o mais importante da economia do país.

Multidões em pânico lotaram os supermercados e motoristas fizeram filas nesta segunda em postos de gasolina, alguns destes protegidos por soldados. Comandantes de petroleiros mantiveram os barcos ancorados e executivos da estatal de petróleo (PDVSA) continuaram a greve pelo oitavo dia.

Bancos comerciais privados aderiram à greve nesta segunda e a subsidiária venezuelana da Ford Motor, segunda maior fabricante de veículos do mundo, disse que fechou suas operações desde quarta devido à falta de materiais. A fábrica produz cem unidades por dia. 

O general Wilfredo Silva disse à rádio Union que soldados da Guarda Nacional entraram na distribuidora de gasolina Guatire, em Caracas, com ordens da PDVSA de garantir o fornecimento para a capital. Soldados também tomaram a distribuidora Yaguas, no Estado de Carabobo, disseram funcionários. O petróleo responde por 80% da arrecadação do governo.

A greve afetou o mercado mundial de petróleo, que já está nervoso por causa de uma possível guerra dos EUA contra o Iraque. O preço do produto nos EUA cresceu US$ 0,20 nesta segunda-feira e atingiu US$ 27,13 por barril. A Venezuela fornece 15% do petróleo importado pelos Estados Unidos.

Chávez, ex-pára-quedista eleito em 1998, recusa-se a renunciar e acusa os adversários de tentar derrubá-lo com um golpe. Ele prometeu combater a greve e afirma que enviará soldados para manter os negócios de petróleo. Segundo analistas, os militares não conseguirão assumir o comando das empresas pois não têm experiência nem capacidade de administrar petroleiros, operar refinarias automatizadas complexas ou abastecer terminais. Um grupo de comandantes de barcos no rio Orinoco também cruzou os braços, ameaçando afetar as exportações de aço, alumínio e ferro da Venezuela.

A oposição acusa Chávez de ter aumentado a polarização entre ricos e pobres na Venezuela. Em abril, o presidente sobreviveu a um breve golpe militar que teve apoio de empresários e sindicalistas. A Organização de Estados Americanos (OEA), que iniciou negociações de paz por um acordo a respeito das eleições, luta desde o início da greve para levar representantes do governo e da oposição para a mesa de negociações. Um novo encontro estava marcado para esta segunda. Líderes da oposição exigem que o governo marque uma data para eleições presidenciais nos três primeiros meses de 2003. Também querem um referendo sobre o governo de Chávez em fevereiro. Mas Chávez afirma que a Constituição permite um referendo sobre seu governo apenas em agosto de 2003, na metade de seu mandato.

Na semana passada, a morte de três manifestantes de oposição inflamou as tensões. Sete pessoas foram presas e um homem foi apresentado como o autor confesso do crime.

A economia da Venezuela, afetada pelo golpe de abril, contraiu-se mais de 7% na primeira metade deste ano, e a inflação subiu para mais de 30%. Mas a alta do preço do petróleo ajudou o governo a preencher as necessidades financeiras deste ano.

As informações são da agência Reuters.

 
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