| 08/11/2007 16h54min
Dirigentes estudantis de oposição suspenderam nesta quinta-feira uma passeata contra os atos de violência registrados ontem na Venezuela, para evitar novos confrontos entre grupos ideologicamente rivais. Stalin González, presidente da Federação de Centros Universitários do país, explicou que a decisão foi tomada devido à presença de corpos policiais na entrada da Universidade Central da Venezuela (UCV) e pela concentração de estudantes chavistas na Universidade Bolivariana.
A manifestação cancelada tinha como ponto de partida a UCV e seu destino final era a sede da Procuradoria-Geral, onde os manifestantes tinham previsto entregar supostas provas de que os conflitos da quarta-feira, nos quais nove pessoas ficaram feridas, haviam sido causados por simpatizantes do governo. O protesto não obteve as permissões regulamentares da prefeitura de Caracas e, por isso, teria que ser realizado de forma ilegal. Essa circunstância fez com que tropas antidistúrbios da polícia metropolitana e da guarda
nacional
fossem postadas nas entradas principais da universidade, a fim de impedir a saída dos estudantes.
A suspensão da passeata foi acompanhada pela troca de acusações entre representantes de ambos os grupos. A atual crise estudantil tem como pano de fundo o confronto entre os que aprovam a reforma constitucional promovida pelo presidente Hugo Chávez e aqueles que a rejeitam. Esses últimos sustentam que a maioria da população não conhece o verdadeiro alcance da reforma e, portanto, não está capacitada a tomar uma decisão consciente no referendo convocado para 2 de dezembro, que decidirá sua aprovação ou rejeição. Em conseqüência, pediram ontem ao Tribunal Supremo de Justiça que suspenda a consulta ou que a adie por três meses.
O projeto impulsionado por Chávez prevê a modificação de 69 artigos dos 350 da Constituição de 1999 e, segundo o governo, tem como objetivo "aprofundar a revolução socialista e bolivariana". A oposição sustenta, por sua parte, que não se trata de uma
modificação
constitucional, mas da imposição de uma nova Carta Magna, que mudará totalmente os parâmetros institucionais e cerceará gravemente as liberdades dos cidadãos.
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