| 19/02/2008 15h19min
O secretário de Estado vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, chegará nesta quarta-feira a Cuba, na primeira visita oficial internacional após o anúncio da renúncia do líder cubano Fidel Castro.
A visita, que terá duração de seis dias, foi anunciada meses antes da medida tomada por Fidel e, segundo fontes da Igreja Católica, será usada para tentar melhorar as relações entre Cuba e Vaticano. Bertone espera se reunir com o presidente interino de Cuba, Raúl Castro, mas o encontro ainda não foi confirmado. O cardeal também deve ter uma reunião com a Conferência de Bispos Católicos cubanos, além de rezar uma missa na Catedral de Havana.
O arcebispo de Havana, cardeal Jaime Ortega, disse na semana passada que a viagem significa reviver "um pouco a visita do Papa em um sentido profundamente humano para todo o povo cubano" e lembrar a comoção causa pela morte do ex-Pontífice.
Ortega comentou que a visita ocorrerá em um momento de "lenta, mas progressiva
melhoria" das relações entre Igreja e
Estado, que considera "boas, mas poderiam ser melhores". No sábado, Bertone estará na cidade de Santa Clara, a 300
quilômetros ao leste de Havana, para rezar uma missa e abençoar o primeiro monumento público em Cuba dedicado ao Papa João Paulo II, doado pelo Vaticano.
A obra foi erguida no local onde o ex-Pontífice rezou a primeira missa durante sua visita à ilha, em 1998. Bertone viajará depois à cidade de Santiago de Cuba (leste) para rezar um rosário na Basílica de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, patrona do país, e se encontrar com jovens. Quando voltar à capital cubana, o secretário de Estado vaticano
participará de uma conferência na Universidade de Havana, além de visitar a Escola Latino-Americana de Medicina e o Seminário de São Carlos e Santo Ambrósio.
Essa é a terceira visita de Bertone a Cuba, onde esteve em 2001, quando era secretário da Congregação para a Doutrina da Fé (antiga Sagrada Congregação da Romana e
Universal Inquisição), e em 2005, como cardeal
arcebispo de Gênova, ocasião em que se reuniu com Fidel Castro.
Há uma semana, ao anunciar a visita oficial do cardeal à imprensa, o ministro das Relações Exteriores cubano, Felipe Pérez
Roque, afirmou que o Governo de Cuba está disposto a discutir "todos os temas" com Bertone, inclusive pontos nos quais podem existir discordâncias.
— A existência de pontos de vista diferentes sobre alguns temas "não pode ser "obstáculo para um diálogo e uma comunicação respeitosa", afirmou Roque.
Na véspera da visita do cardeal Bertone, o Vaticano não comentou, por enquanto, a renúncia de Fidel Castro.
Segundo a imprensa italiana, os órgãos de comunicação da Santa Sé, como o jornal "L'Osservatore Romano", também não se pronunciarão sobre o ocorrido e se limitarão a noticiar o fato. As relações entre a Igreja Católica e Cuba tiveram altos e baixos após a chegada ao poder de Fidel Castro, em 1959. Cuba foi um Estado
oficialmente "ateu" até 1992, quando essa palavra foi eliminada da
Constituição do país.
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