O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que a América do Sul não está preparada para conflitos como o que está ocorrendo entre Colômbia, Equador e Venezuela, e que ninguém na região quer guerras, pois o continente precisa de paz para se desenvolver.

Em seu primeiro pronunciamento sobre a crise diplomática entre os países vizinhos, Lula disse que conversou com vários presidentes da região e que todos manifestaram seu interesse em uma saída negociada que garanta a tranqüilidade e a estabilidade econômica da América do Sul.

— Acho que a América do Sul não está preparada para conflitos e nós não queremos conflitos. Tanto Venezuela como Brasil e Colômbia precisam de muita paz, muita tranqüilidade, para nos transformar em um continente altamente desenvolvido — disse o presidente.

A crise entre Colômbia e Equador, apoiado pela Venezuela, começou por causa de uma operação colombiana realizada no sábado passado em território equatoriano com o objetivo de combater guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

Na ação morreram o porta-voz internacional da guerrilha, Luis Edgar Devia, conhecido como Raúl Reyes, e outros vinte rebeldes.

— Quando fatos como esse ocorrem sempre é difícil encontrar a solução porque ninguém quer voltar atrás, mas o Brasil, como sempre, vai trabalhar com os outros presidentes para que os países da América do Sul entrem em acordo — afirmou.

— Estou convencido de que encontraremos uma saída pacífica e tranqüila. Todos os presidentes (da região) tem consciência de que a tranqüilidade é importante para manter o crescimento e para atrair o investimento estrangeiro, que o mais importante para que isso ocorra é a paz — completou ele.

Lula afirmou que a região tem que trabalhar para reduzir as tensões, pois só em um clima de paz e tranqüilidade a América do Sul poderá crescer, se desenvolver e se tornar um continente rico.

Em relação ao conflito em si, disse que o Brasil proporá na reunião de hoje da Organização dos Estados Americanos (OEA) que o incidente seja investigado para saber exatamente o que ocorreu.

— O fato concreto é que a Colômbia violou a soberania territorial do Equador. É um fato concreto admitido por (o presidente colombiano Álvaro) Uribe. O presidente do Equador não aceitou o pedido de desculpas da Colômbia porque estava cansado de explicações. Ele queria um pedido de desculpa mais direto e também um compromisso de que isso não vai voltar a ocorrer — disse Lula ao resumir o conflito.

— Do ponto de vista prático, a Colômbia podia ter pedido que o Equador prendesse os membros das Farc lá. Isso não ocorreu e gerou a divergência. Então, vamos ter de encontrar uma solução para isso — acrescentou.

Quanto à decisão do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de ordenar o envio de militares à fronteira com a Colômbia devido à intervenção colombiana no Equador, Lula disse que "há tempos que há uma guerra de nervos entre Colômbia e Venezuela".