| 11/03/2008 09h25min
Tudo indica que o governo argentino conseguiu o que queria: brecar a venda dos ativos da petrolífera americana ExxonMobil no país para um comprador externo (no mercado garantem que era para a Petrobras, mas a companhia desmente). Com isso, a empresa venderá somente os ativos do Brasil, Uruguai e Chile. Depois de seis meses de negociações, a Exxon decidiu suspender a operação de venda de sua refinaria de Campana e os 90 postos de serviço próprios e 500 terceirizados.
— A corporação não tomou essa decisão de conservar seus ativos de forma apressada — leu o porta-voz da companhia, Tomás Hess: — Originalmente, o processo se iniciou em resposta a ofertas não-solicitadas sobre os ativos da empresa.
No mercado, porém, o motivo para a suspensão está claro: pressões políticas para que esses ativos sejam vendidos à estatal Enarsa em parceria com algum empresário amigo do casal Kirchner (a presidente Cristina e seu marido e ex-presidente, Néstor) e com a estatal venezuelana
PDVSA. Há quatro anos que os
Kirchner vêm ensaiando com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, uma sociedade que implique entrar no mercado de combustível na Argentina.
As últimas declarações de Cristina em defesa da rápida associação da Venezuela ao Mercosul para "fechar a equação energética" mostram que ela está tão unida à Chávez como esteve seu marido quando era presidente. A governante acaba de assinar um acordo com Chávez para receber da Venezuela 10 milhões de barris de óleo combustível e 2,3 milhões de óleo diesel. No mercado, a leitura da decisão é de que a Argentina, "mais uma vez privilegiou a relação com Chávez, em detrimento de Lula", referindo-se ao interesse da Petrobras de ficar com estes ativos no país.
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