| 11/03/2008 16h26min
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Marcondes Gadelha (PSB-PB), afirmou hoje, depois de visita ao embaixador da Espanha no Brasil, Ricardo Peidró, que a crise gerada pelo repatriamento de brasileiros impedidos de entrar naquele país não deverá se estender.
— No que depender da Espanha, a crise será limitada e não vai progredir. O essencial desta reunião foi procurar estabelecer os limites dessa crise: até que ponto é apenas um episódio, um soluço nas relações do Brasil com a Espanha, que sempre foram extremamente cordiais. Da parte da Espanha, o propósito é reduzir as tensões, atenuar esse relacionamento e evitar que a crise tome outras proporções, e sobretudo que ela (crise) saia desse campo diplomático e venha a chegar a tensões no relacionamento econômico e financeiro dos dois países — disse Gadelha.
Segundo o deputado, o embaixador Peidró teria relacionado o alto número de brasileiros repatriados na Espanha pelo período de
férias escolares e à intensa
procura pelo mercado de trabalho no país.
Gadelha ressaltou, entretanto, que o problema da imigração não está restrito à Espanha. Segundo ele, a questão mais delicada a ser abordada pela comissão na reunião de amanhã é como agir em relação à União Européia (UE):
— É uma política de Estado da Comunidade Européia. Como a Espanha é a porta de entrada principal dos africanos, dos latinos, sobretudo vindos da América do Sul, como brasileiros, paraguaios e bolivianos. A Comunidade Européia resolveu focar em cima da Espanha e exigir mais rigor, um tratamento mais duro. Se um terceiro país quiser evitar o ingresso de uma pessoa na Comunidade Européia, ele pode barrar através da Espanha.
O deputado classifica a temática das imigrações no continente europeu como "o problema político mais importante da atualidade" e lembra que, além da Espanha, países como França e Inglaterra mantêm restrições fortes em relação aos visitantes sul-americanos:
— O que nos parece é que há uma política
global da Europa contra as imigrações. O dado curioso é que eles precisam dos imigrantes. O próprio embaixador disse que o crescimento econômico recente da Espanha não teria acontecido se não fosse a participação dos imigrantes. É uma relação ambivalente de amor e ódio. Eles precisam dos imigrantes e ao mesmo tempo rechaçam os imigrantes.
A comissão deverá ouvir amanhã o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e a estudante de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP) Patrícia Magalhães, uma das brasileiras impedidas de entrar na Espanha em fevereiro deste ano.
Patrícia iria participar de um congresso de física em Lisboa, mas foi detida no aeroporto de Madri, porque, segundo autoridades espanholas, não cumpria os requisitos mínimos para entrada no país.
Embaixador Peidró teria relacionado o alto número de brasileiros repatriados na Espanha pelo período de férias escolares e à intensa procura pelo mercado de trabalho no país
Foto:
Marcello Casal, JR/ABr
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